• Entrevista por:
  • António Ferreira

Zurich: Toda documentação trocada com clientes em Portugal será digital até 2025

Focada no projeto LiZboa, a sucursal portuguesa da seguradora suíça quer mais bem-estar para os colaboradores. Carlos Fonseca, COO da Zurich explica e alinha com as metas do grupo.

Carlos Fonseca, COO da Zurich em Portugal: “É nossa ambição tornar totalmente digital a documentação que partilhamos com os clientes até 2025.”

O edifício-sede da Zurich em Portugal está em transformação para ser “sustentável, relacional e digital”. Designado “LiZboa” – por ter sido “pensado e desenvolvido em conjunto com os cerca de 500 colaboradores,” baseado num estudo, e com parceria de especialistas do imobiliário – o projeto de reabilitação do imóvel define nova conceção do espaço com objetivo de facilitar a adoção de um modelo de trabalho híbrido e já vinha a ser pensado antes da pandemia. Segundo a seguradora, a nova sede “tem conta as melhores práticas internacionais, respeitando dez áreas relevantes para a saúde e bem-estar dos colaboradores: ar, água, alimentação, iluminação, atividade física, conforto térmico, materiais, saúde física e mental e comunidade”.

As obras estão a ser executadas por fases, para que exista sempre espaço disponível para os colaboradores que prefiram trabalhar no escritório. A 1ª fase estará concluída este ano e a outra em 2023. O projeto LiZboa, “reforça o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e permite reduzir a nossa pegada carbónica. Por um lado, a aposta no modelo híbrido, que permitirá aos colaboradores trabalhar remotamente três dias por semana, representa uma mais-valia na redução das emissões de carbono associadas às deslocações para o escritório,” explica Carlos Fonseca, Chief Operating Officer da Zurich em Portugal. Entrevistado por ECOseguros, adianta que, até 2025, a documentação trocada com os clientes será toda digital, sem recurso ao papel.

Como se enquadra o LiZboa no âmbito dos objetivos de sustentabilidade definidos pelo grupo Zurich?

Este projeto insere-se num programa de renovação sustentável de mais de 50 escritórios do grupo em todo o mundo, até ao final de 2022. No grupo Zurich, temos a ambição de nos tornarmos uma empresa neutra em carbono até 2030, por exemplo, reduzindo em 70% as emissões associadas a viagens aéreas, já a partir deste ano, e, entre outras medidas, utilizando 100% de energias renováveis nas nossas operações até ao final de 2022. Em Portugal, 98% da energia que consumimos já provém de fontes renováveis.

Os colaboradores e parceiros da companhia são envolvidos nesses objetivos?

O nosso compromisso passa, para além destas medidas, por inspirar os nossos colaboradores, clientes e parceiros de negócio a assumirem esta missão e a adotarem estilos de vida mais sustentáveis, com vista a alcançarmos a meta prevista no Acordo de Paris, de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

O grupo mostra ainda mais ambição e, recentemente, encurtou a meta operacional de neutralidade carbónica para o ano 2030…

Acreditamos que podemos contribuir para a proteção do planeta, de forma a proporcionar às gerações futuras um mundo mais próspero, equilibrado e saudável para viver. Este caminho só pode ser percorrido através de um esforço conjunto e integrado entre agentes privados e públicos, que responda aos desafios económicos, ambientais, sociais e tecnológicos que enfrentamos. Trabalhamos, por isso, para tornar as empresas mais resilientes e robustas, alertando-as para os riscos que as alterações climáticas podem ter nos negócios, mas sobretudo nas comunidades e no planeta. Isto só é possível se tivermos uma gestão holística e integrada dos riscos que, posteriormente, possibilite a criação de estratégias de adaptação à resiliência climática. O Global Risks Report, desenvolvido anualmente pelo Fórum Económico Mundial, em colaboração com o Grupo Zurich e a Marsh, é um bom exemplo da integração do risco na materialidade do nosso negócio.

Existe um plano de implementação desses objetivos em Portugal ao nível da própria empresa?

Para além do projeto LiZboa, destaco duas medidas que iremos implementar na Zurich Portugal. A primeira é a nossa ambição de tornar totalmente digital a documentação que partilhamos com os clientes até 2025. Temos vindo a desenvolver plataformas digitais, como o Zurich4You e o MyZurich, que permitem uma gestão de seguros, por parte dos nossos clientes e mediadores, mais ágil, rápida, intuitiva e personalizada. A segunda medida é a substituição das viaturas da frota para veículos elétricos ou híbridos.

Quais os setores económicos com maior exposição às alterações climáticas e qual a agenda da Zurich em Portugal para ajudar a prevenir/mitigar os riscos identificados?

As alterações climáticas afetam as atividades no seu todo, sendo a sua abrangência cada vez mais transversal a todas as geografias pelo que os riscos são globais e estão, cada vez mais, interligados. Independentemente de ocorrerem num determinado local, a verdade é que impactam as pessoas e as empresas, de qualquer setor de atividade. Procuramos tornar as empresas mais resilientes e sensíveis aos riscos seja de incêndio, tempestades, inundações ou outros fenómenos da natureza e, para isso, dispomos do serviço de Engenharia de Risco, através do qual ajudamos ao cliente a implementar um conjunto de medidas preventivas e corretivas que visam prevenir e reduzir a probabilidade de ocorrência de sinistros – relacionados, por exemplo, com a perda, destruição ou dano na propriedade e nos seus ativos, interrupção de negócio e da cadeia de distribuição. Ao reduzirmos a probabilidade da ocorrência deste tipo de incidentes, estamos a proteger as empresas e as comunidades.

É possível identificar e quantificar os ramos de seguro da Zurich em Portugal mais expostos aos requisitos da transição climática?

Do ponto de vista da cobertura, os ramos mais expostos aos impactos dos elementos da Natureza, onde se incluem os fenómenos climáticos, são naturalmente aqueles que visam a proteção desses mesmos riscos, destacando primeiramente os ramos de Proteção Patrimonial, principalmente os seguros multirriscos, mas também outro tipo de seguros, nesta perspetiva não tão significativos, como são os casos dos seguros automóvel, embarcações, lucros cessantes, bem como seguros de outros danos em coisas (riscos agrícolas, pecuários, entre outros). A Zurich encontra-se comprometida em criar soluções de seguros que visem diminuir a pegada carbónica, com particular relevo para os riscos associados à mobilidade tendo desenvolvido uma solução para veículos elétricos e ao abrigo dos seguros de multirriscos coberturas para painéis solares e fotovoltaicos. Mesmo ao nível de seguros não obrigatórios destacamos a nossa solução para velocípedes nos quais incluímos os elétricos.

A carteira de investimento em Portugal será objeto de alguma reavaliação e ajustamento em função dos objetivos climáticos?

A carteira de investimento em Portugal vem sendo há alguns anos objeto de reavaliação e ajustamento em função dos fatores ESG (Environmental, Social e Governance) alinhada com as políticas do Grupo, que recentemente decidiu encurtar em 20 anos o objetivo de zero emissões líquidas (neutralidade carbónica) na sua atividade. No compromisso com os objetivos climáticos, a Zurich utilizará todas as alavancas de que dispõe ao nível de investimentos, operações, produtos e serviços para acelerar a transição no caminho da neutralidade carbónica.

  • António Ferreira

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