Lucros do segundo trimestre apontam cotadas portuguesas a novo recorde

Os lucros do primeiro semestre devem superar os valores alcançados na totalidade de 2014 e 2020. As receitas devem aumentar pelo segundo trimestre seguido, após três períodos de variações negativas.

Após três exercícios completos de lucros recorde, as maiores cotadas portuguesas estão no bom caminho para repetirem o brilharete em 2024, com os analistas a apontarem para mais um trimestre de crescimento nos lucros e receitas no segundo trimestre, repetindo a tendência que se verificou nos primeiros três meses do ano.

Segundo a média das estimativas dos analistas, as cotadas do PSI vão consolidar lucros de 1.211 milhões de euros entre abril e junho de 2024, o que representa um crescimento de 7,4% face ao período homólogo.

No primeiro trimestre, os resultados líquidos tinham crescido 9% para 1.363 milhões de euros. Juntando os dois períodos e confirmando-se as previsões dos analistas, as maiores cotadas portuguesas terão aumentado os lucros em mais de 8% na primeira metade do ano, superando os 2,5 mil milhões de euros.

Esta evolução é sobretudo significativa tendo em conta que as cotadas do PSI vêm de três anos consecutivos de lucros recorde.

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Apesar de 2020 ter sido um ano especial, os lucros no primeiro semestre deste ano deverão já superar o total obtido no primeiro ano da pandemia (2.412 milhões de euros). Mas também acima do que se verificou há dez anos, quando Portugal estava a sair o programa de ajustamento da troika (2014), com as cotadas portuguesas a contabilizarem lucros de 2.450 milhões de euros.

Os anos mais recentes têm sido bem diferentes, com as maiores empresas portuguesas a demonstrarem uma evolução muito robusta nos resultados. Em 2021 atingiram um primeiro recorde de 3.520 milhões de euros de lucros, no ano seguinte saltaram para 4.751 milhões de euros e em 2023 superaram pela primeira vez a fasquia dos 5 mil milhões de euros.

Caso mantenham a tendência nos próximos trimestres, está ao alcance um novo recorde em 2024. O terceiro trimestre de 2023 foi muito forte, com lucros acima de 1.800 milhões de euros, embora os últimos três meses do ano tenham sido fracos (1.161 milhões de euros).

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A evolução positiva dos lucros das cotadas do PSI ganha ainda maior significado se for comparada com o desempenho das cotadas europeias. Segundo a média das estimativas dos analistas, as empresas do Stoxx600 deverão registar um aumento homólogo de apenas 0,8% nos lucros do segundo trimestre, isto depois de quatro trimestres consecutivos de variações homólogas negativas.

Tendo em conta apenas as cotadas que integram este índice pan-europeu, os lucros das maiores empresas portuguesas deverão crescer 12,9% no segundo trimestre, o que representa o quarto melhor registo entre os países europeus analisados pelo London Stock Exchange Group (LSEG).

Receitas regressam a terreno positivo

Os números do segundo trimestre integram as previsões para 10 das 16 cotadas do PSI, pois não existem estimativas suficientes para um consensus na REN, Corticeira Amorim, Semapa, Greenvolt, Mota-Engil e Ibersol. O ECO assumiu a manutenção dos valores destas seis companhias face ao período homólogo, mas mesmo que registem variações acentuadas, não terá impacto significativo nos números globais, tendo em conta os valores relativamente reduzidos que registam trimestralmente.

Salvo alguma surpresa nas empresas de maior dimensão face ao que é esperado pelos analistas, parece seguro afirmar que as cotadas do PSI vão registar o nono trimestre consecutivo de lucros consolidados acima de mil milhões de euros.

Será ainda o segundo trimestre consecutivo de subida homóloga nos lucros, o que reforça a tendência de melhoria sustentada neste indicador que tem sido impulsionado, sobretudo, à custa do corte de custos operacionais e da redução dos encargos financeiros devido à redução do endividamento das empresas.

Nas receitas, a evolução das cotadas do PSI tem sido bem mais fraca, com uma queda de 4% na totalidade de 2023, apesar do contributo positivo da inflação. Uma tendência que inverteu caminho na primeira metade deste ano, segundo as projeções dos analistas, sugerindo que as cotadas portuguesas estão a incrementar a atividade.

Segundo as estimativas dos analistas, as cotadas portuguesas terão consolidado receitas de quase 22,5 mil milhões de euros no segundo trimestre, o que representa um crescimento homólogo de 4,3%.

Entre janeiro e março deste ano, as receitas tinham crescido 3,6%, colocando um ponto final numa série de três trimestres consecutivos de variações homólogas negativas. A manter-se a tendência, as cotadas portuguesas estão bem posicionadas para regressar em 2024 ao crescimento das receitas, revertendo a queda registada no ano passado.

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Grupo EDP impulsiona

A Nos dá esta quinta-feira (18 de julho) o pontapé de saída na época de apresentação de resultados da bolsa nacional, com os analistas a aguardarem que esteja na metade do PSI que vai reportar um crescimento nos lucros. A operadora de telecomunicações terá alcançado lucros de 47,7 milhões de euros no segundo trimestre, mais 5% do que no período homólogo.

Altri e Navigator também terão registado uma evolução positiva dos seus resultados, mas o principal destaque vai para as cotadas do Grupo EDP. Segundo os analistas, a empresa de energias renováveis terá atingido lucros de 93 milhões de euros (crescimento de mais de 500%), enquanto a EDP terá subido 67% para 223 milhões de euros. Evoluções que refletem a recuperação dos preços de venda de eletricidade, que castigaram as contas das duas companhias nos últimos trimestres.

O aumento na empresa mais valiosa do PSI não é suficiente para retirar à Galp Energia o estatuto de cotada portuguesa com lucros mais elevados. Os resultados líquidos da petrolífera portuguesa terão descido 13% para 225 milhões de euros, num trimestre em que a margem de refinação sofreu uma redução de 36%. BCP (-19,8%), Jerónimo Martins (-19,6%) e Sonae (-20%) são as outras cotadas do PSI que terão baixado os lucros no segundo trimestre.

A época de apresentação de resultados do segundo trimestre tem a particularidade de ser muito curta, pois a esmagadora maioria das cotadas nacionais vai prestar contas antes da pausa de agosto. Depois da Nos na quinta-feira, pelo menos 12 das 16 cotadas do PSI anunciam resultados nas duas semanas seguintes.

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