
A força do propósito: Liderar com intenção na incerteza
Liderar em tempos de incerteza é um ato de coragem, e o propósito é a força que sustenta essa coragem dia após dia, que une todas as pessoas e que inspira ações e mudanças positivas.
Falar de liderança e de propósito requer responder à pergunta: O que nos move?
Quando fundamos uma empresa, é fácil responder. Há um problema que queremos resolver, uma ideia que nos consome, um sonho maior do que nós. Mas com o tempo, com o crescimento, com os desafios, essa resposta pode começar a esbater-se. Não por falta de convicção, mas porque a velocidade do dia a dia por vezes nos afasta do essencial, porque há planos que falham, contextos que mudam, prioridades que se invertem. E é precisamente neste caos que o propósito se torna mais visível — ou mais ausente.
Segundo um estudo da Deloitte (2020), as empresas orientadas por um propósito têm 30% mais probabilidade de inovar e 40% mais probabilidade de reter talentos. Também a PwC, em 2021, concluiu que 79% dos líderes afirmam que o propósito é central para o sucesso do negócio. O propósito não resolve tudo, mas orienta. É o que nos sustenta no tempo, o alicerce da cultura, a firmeza nas decisões difíceis e o que dá sentido e consistência ao crescimento.
Contudo, também consigo entender como é “mais fácil” perder o foco quando somos dominados por desafios como a pandemia, a inflação, a disrupção digital, a ansiedade coletiva. Entendo. A urgência muitas vezes impõe-se à importância, mas acredito que é exatamente nestes momentos que o propósito deve falar mais alto. Não para resistir à mudança, mas para saber como atravessá-la.
Por senti-lo todos os dias, acredito que a força do propósito é ligar pessoas e ações. E quando se trata de tempos de incerteza, liderar exige clareza e inspiração. Exige dizer “não” aos atalhos, continuar a sonhar grande, com os pés assentes naquilo em que acreditamos.
No fundo, liderar em tempos de incerteza é, afinal, ter a coragem de voltar ao princípio e perceber que o que nos trouxe até aqui é capaz de nos levar ainda mais longe. Dados apurados pela Deloitte (2021) indicam que 85% dos líderes afirmam que ter um propósito claro ajudou a atravessar períodos de crise com mais coesão.
E quando o tema é liderança com propósito, há uma palavra que me ecoa: “intenção”. Encontro nela a base do impacto, que não se mede apenas nos resultados, mas na forma como chegamos até lá. Porque o “como” e o “porquê” importam tanto quanto o “quê” e investigações da Harvard Business Review mostram que equipas que compreendem o “porquê” das suas ações demonstram níveis superiores de motivação, produtividade e resiliência.
Também a McKinsey aferiu que 70% dos colaboradores afirmaram que o seu sentido de propósito é definido, em grande parte, pelo trabalho que realizam. No entanto, apenas 18% acreditam que vivem esse propósito no dia a dia profissional, e esta é uma lacuna que deve ser vista pelos líderes como uma oportunidade.
Hoje, mais do que nunca, acredito que liderar é muito mais do que conduzir uma empresa ao sucesso, é cuidar das pessoas que caminham connosco, é dar-lhes uma forte razão para continuarem ao nosso lado, é conseguir que, em conjunto, o propósito seja partilhado por todos.
Por tudo isto e muito mais, a minha mensagem final só pode ser de esperança. Quero continuar a sentir que o propósito não é uma bússola apenas para os líderes, mas sim uma cola que nos liga e nos motiva a ter impactos positivos e transformadores, na equipa, na empresa, no setor, no país e no mundo.
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