All Risk e a Confiança

  • Guilherme Castanheira
  • 17 Março 2021

Guilherme Castanheira, mediador de seguros e responsável por uma agência em Santa Comba Dão, defende apólices all risk (todos os riscos) para diminuir o conflito entre seguradoras e segurados.

Uma seguradora deveria ser o exemplo de confiança. Confiança é a commodity mais poderosa que possuímos. Quando vamos a um restaurante confiamos que os nossos talheres ou guardanapos estão imaculados e que a refeição é confecionada com ingredientes dentro do prazo de validade. Compramos um carro e confiamos na sua durabilidade, depositamos dinheiro e confiamos que está protegido, compramos café e confiamos que as cápsulas não são adulteradas. Compramos um livro pela internet e confiamos que não vem com páginas em branco.

Segundo Adam Smith, “os agentes económicos surgem da propensão humana para o diálogo, baseada na empatia, e pressupõem a confiança mútua entre seres humanos”.

A confiança é, por si só, o maior tratado da humanidade. Segundo Santo Agostinho, a confiança permite ultrapassar dificuldades de compreensão que não se superam de outro modo.

Bruce Carnegie-Brown, chairman da Lloyd´s Londres, defendia, num webinar promovido pela Insurtech Insights, a possibilidade dos seguros paramétricos como forma de devolver ao consumidor a confiança na indústria seguradora. Para além dele, Gonçalo Baptista, diretor-geral da Innovarisk Underwriting, promovia a ideia de apólices com menos limitações às coberturas e o fim das “letras pequeninas” nos contratos de seguro, precisamente para sairmos das zonas cinzentas. Ou ainda o antigo ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes, que na Web Conference ECOseguros “Seguros de saúde: E depois da pandemia?”, reforçou, por diversas vezes, a questão da transparência, critério e regras de jogo que devem ser bem percebidas por todos os cidadãos. Parece unânime que a indústria seguradora tem um caminho muito grande em relação à demonstração da confiança.

Curiosamente , em Portugal, as seguradoras tinham e têm nomes que promoviam e promovem, precisamente, a empatia que Adam Smith apregoava; Fidelidade, Tranquilidade, Confiança, Bonança, Garantia, Esperança, Sossego Comum, Boa Fé, Retidão entre outras.

Contudo, apesar de possuírem nomes empáticos, as seguradoras não se adaptaram ao que deveria ser a essência do risco. Em vez disso, foram pelo caminho mais fácil; exclusões, exclusões e muito poucas inclusões.

A evolução deu-se nas exclusões dos produtos e não nos próprios produtos. Não há indústria no mundo que possua tantas exclusões como a seguradora. Ninguém vende tão bem o que não oferece como nós.

Há mais de 200 anos que existem fraudes, eventos catastróficos e mesmo assim mantemos o mesmo modelo de negócios mas com mais exclusões, e isso permitiu criar desconfiança e conflitualidade por uma atividade tão importante como a das seguradoras.

Uma das soluções para a confiança que tem surgido é, precisamente, a questão de apólices all risk (todos os riscos), de forma a diminuírem a zona de conflito entre seguradoras e segurados.

Ora, o All Risk para além de garantir indemnizações em todos os acasos, exceto nos mencionados nas condições, promovem o que Adalberto Campos Fernandes afirmava como apólices transparentes, de fácil compreensão e com critérios bem definidos entre as partes. A confiança vem do preto ou do branco, nunca do cinzento.

  • Guilherme Castanheira
  • Mediador de seguros, responsável da Loja Fidelidade Santa Comba Dão

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