Arquitetura Funcional. Como as organizações se estruturam à volta das funções

  • José Pedro Sousa
  • 27 Julho 2023

Uma estrutura funcional corretamente e claramente definida permitirá que as organizações abracem de forma mais consistente estas atuais (e futuras) tendências na gestão do talento.

As empresas têm uma missão, visão e planos estratégicos que se declinam, entre outros, em modelos de negócio, cadeias de valor, processos, plataformas tecnológicas e digitais, cultura, pessoas e modelos organizacionais. Estes últimos refletem estruturas organizacionais que são definidas para darem resposta a todos os pontos anteriores, deixando claro para cada o seu conjunto de atribuições e o modo de relacionamento entre si, de forma a ser atingido o propósito da empresa.

De onde surge então a necessidade de definir funções? No fundo, as funções são uma forma de desdobrar num conjunto delimitado de atividades as atribuições de cada estrutura organizacional definida. Deste modo, e numa perspetiva arquitetónica, as funções refletem as fundações/pilares do “edifício” organizacional de uma empresa, a partir dos quais se definem todas as políticas e programas de gestão de pessoas.

No entanto, para definir e alinhar políticas de gestão de recursos humanos, sente-se a necessidade de estabelecer, previamente, modelos que organizem de forma criteriosa as próprias funções. A estes modelos, é de forma comum atribuída a designação de Arquiteturas Funcionais.

Atualmente, as empresas procuram que as suas arquiteturas funcionais sejam cada vez mais simples, ágeis, transversais e suportadas em benchmarking setoriais, podendo ser geridas através da implementação de plataformas digitais.

Uma arquitetura funcional transversal é importante porque:

  • Permite que as empresas ofereçam uma experiência ao longo de todo o ciclo de vida dos colaboradores, incluindo o foco no seu desenvolvimento e aprendizagem, estabelecendo percursos de carreira/funcionais transparentes e sustentáveis e assegurando o planeamento de sucessão nas funções críticas;
  • As equipas de recursos humanos podem utilizá-la para realizar análises preditivas de gestão de pessoas face ao negócio, dando um grande passo no sentido do planeamento estratégico da força de trabalho;
  • Permite a análise, desenvolvimento e avaliação das funções, alinhando-as com as dinâmicas do futuro do trabalho;
  • É uma estrutura fundamental para atração, desenvolvimento e retenção eficaz de talentos críticos;
  • As empresas têm a capacidade de compreender, de forma abrangente a comparabilidade interna e o valor externo das suas funções;
  • Após processos de fusão e aquisição, a arquitetura de funções permite que as equipas de recursos humanos forneçam rapidamente ao negócio a projeção de um modelo mais eficaz da futura organização.

Antes de terminar, gostaria de destacar dois hot topics atuais na gestão de recursos humanos que requerem um efetivo alinhamento com a arquitetura funcional:

  1. Gestão do conhecimento, quer através do mapeamento e desenvolvimento de skills library, quer da tendência futura da abordagens pay for skills. É de extrema importância ter um claro alinhamento com as áreas de conhecimento/atuação críticas identificadas na arquitetura funcional;
  2. Estabelecimento de percursos funcionais suportados na arquitetura de funções, quer na identificação dos movimentos evolutivos nos níveis de responsabilidade, quer no mapeamento de percursos, mais ou menos, naturais de acordo com as áreas de conhecimento/atuação.

Uma estrutura funcional corretamente e claramente definida permitirá que as organizações abracem de forma mais consistente estas atuais (e futuras) tendências na gestão do talento, permitindo a sua constante adaptabilidade e que o seu talento possa desenvolver-se e prosperar.

  • José Pedro Sousa
  • Career Principal da Mercer Portugal

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