
Celebrar dias especiais (também) nos locais de trabalho
Iniciativas como estas, além de promoverem a construção de equipas sólidas e próximas, acabam por servir como uma espécie de “diagnóstico”.
Abril foi mês de muitos feriados e efemérides. Entre Páscoa, Dia da Liberdade, Dia do Trabalhador e agora, em maio, o Dia da Mãe, sucederam-se inúmeras campanhas que celebraram estas datas, não só junto de consumidores ou clientes, mas também iniciativas que as próprias empresas dinamizam internamente com as suas equipas.
As efemérides (não só estas, como tantas outras, como o Dia da Terra ou o Dia do Livro) estão quase sempre assinaladas nos nossos calendários de secretária ou do telemóvel, mas, à medida que o tempo passa, perdem relevância.
Talvez por isso, várias empresas têm vindo a resgatar estes dias, não só com o objetivo de promover a consciencialização sobre determinados temas, mas também como um modo de criar dinâmicas dentro das equipas. Iniciativas como estas, além de promoverem a construção de equipas sólidas e próximas, acabam por servir como uma espécie de “diagnóstico”, em que é possível perceber melhor qual o perfil de cada colaborador, assim como as suas necessidades. No entanto, estas ações caem no vazio se não tiverem um denominador comum: o propósito.
Depois da pandemia, ficou claro que a nova geração valoriza muito mais a missão da empresa e o ambiente de trabalho do que apenas salários ou prémios. Trabalhar deixou de ser um “mal necessário” e passou a ser uma extensão daquilo que se é enquanto pessoa. Hoje, as empresas que sobrevivem e prosperam são aquelas que entendem que trabalham com e para seres humanos, cada vez mais atentos ao que consomem, vivem e sentem.
Neste contexto, celebrar estes dias festivos pode ser uma ação valiosa para enriquecer o ambiente de trabalho. Ao contrário do que alguns podem pensar, estas celebrações não têm de ser algo infantil ou uma quebra na produtividade da empresa.
Pelo contrário, se celebradas de forma consciente podem ser uma ferramenta poderosa de teambulding, de aproximação e reforço de relações, estimulando a criatividade e dando voz às individualidades que compõem cada empresa. Gestos como oferecer pipocas a todos os pais para um dia de cinema no Dia do Pai, ou esfoliantes naturais, criados por mulheres empreendedoras no Dia da Mulher são gestos que não só podem tornar o dia das pessoas melhores e o seu propósito mais significativo, como também reforçam a mensagem de que, além do trabalho, todos temos vidas e personalidades distintas.
No entanto, cada gesto deve ser pensado para ressoar emocionalmente com os membros da equipa e não apenas cumprir uma checklist corporativa. Esta estratégia de valorização destes dias deve estar integrada nos valores da empresa pois, caso contrário, pode ser interpretada como um “golpe” de marketing que pretende exteriorizar um momento isolado de forma errónea.
Apesar de estas celebrações terem como objetivo promover a união e a felicidade, há que também ter atenção a forma como cada pessoa sente estas dinâmicas.
E quando a lembrança de uma data pode ser, para algumas pessoas, um momento de sofrimento? A celebração de uma data como o Dia da Mãe, por exemplo, deve reconhecer que nem todos vivem esta data da mesma forma. Aqui entra em jogo novamente a crescente importância da personalização da experiência de cada colaborador nas empresas, e é aqui que reside a grande diferença entre um posicionamento corajoso e um gesto vazio. Atuar com propósito implica ouvir as pessoas, adaptar-se, e reconhecer que cada colaborador ou membro é único. Quando as empresas escolhem as efemérides que celebram apenas com base em tendências das redes sociais, sem ligação real à sua cultura ou aos seus valores, correm o risco de serem vistas como oportunistas.
Todas as empresas, independentemente da sua dimensão, podem e devem envolver-se neste tipo de iniciativas. Não são precisos grandes orçamentos: o essencial é a intenção e o alinhamento com os valores da empresa. Criar momentos de felicidade no trabalho é um investimento contínuo: passa por conhecer melhor cada membro, diagnosticar necessidades e vontades, equilibrar gerações e culturas, e, acima de tudo, tratar todos com respeito e empatia.
Celebrar datas importantes não é (e não deve ser) uma estratégia de marketing interno vazia. Deve ser sim uma forma de celebrar e conhecer melhor as pessoas que nos rodeiam todos os dias e com que tanto partilhamos, aquelas que nos ajudam a construir empresas fortes, autênticas e preparadas para o futuro.
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