Colaborar para descentralizar: a inovação em todas as regiões de Portugal

  • Diogo Teixeira
  • 20 Maio 2024

País deve tirar mais partido de estar em contraciclo com o resto do mundo em termos de investimento. Aproveitar oportunidade requer uma melhor conexão entre fundos, aceleradoras para haver escala.

Portugal está no mapa europeu como um dos mais importantes hubs de startups, recentemente comprovado com a inclusão de cinco hubs do país no ranking “Europe’s Leading Start-Up Hubs 2024” do Financial Times. Sabemos que este não é, no entanto, um ponto de chegada. O mercado é muito dinâmico, competitivo e requer esforços contínuos para se expandir e fortalecer o ecossistema de empreendedorismo e inovação.

Um dos desafios que o país enfrenta é a expansão desta realidade a todas as regiões do país, cada uma com os seus pontos fortes, tanto para a definição de setores estratégicos como para atrair e reter talento e empreendedores. O crescente custo de vida nas grandes cidades europeias é uma oportunidade de ouro para o desenvolvimento significativo, por via da inovação e empreendedorismo, de regiões menos desenvolvidas ou centrais.

Os próximos anos prometem ser de disrupção, com avanços significativos em áreas como a inteligência artificial, a descarbonização e a circularidade, entre muitas outras. Acredito que o terreno nunca esteve tão equilibrado para Portugal em termos de conhecimento tecnológico, qualidade do talento e da gestão, bem como de capacidade de atração de conhecimento externo. Contamos ainda, neste momento e em contraciclo com a Europa, com liquidez para investir em startups e scaleups.

Este facto é importante de referir, porque penso que é fundamental transmitir a mensagem de que as oportunidades não só existem como estão ao alcance de todos os empreendedores e de todas as as regiões. Penso que este pensamento de possibilidades e ambição não está suficientemente desenvolvido e enraizado na sociedade portuguesa.

É fundamental trabalhar mais ao nível do ensino superior para mudar mentalidades e capacitar os estudantes, em especial os de mestrado e doutoramento, com as ferramentas e o apoio necessários para transformar as suas ideias em empresas. É necessário um trabalho conjunto entre universidades, empresas, hubs e consultoras de inovação para haver escala e descentralizar, criando-se projetos de referência de aceleração tanto para startups como para as scaleups nas diversas regiões, alinhados com as estratégias das mesmas.

A fase de scaleup necessita, de facto, ser mais e melhor trabalhada pelo ecossistema nacional. Para isso, o país deve tirar mais partido de estar em contraciclo com o resto do mundo em termos de investimento. Aproveitar essa oportunidade requer uma melhor conexão entre fundos, aceleradoras, incubadoras, empresas nacionais e estrangeiras.

É também importante referir a necessidade de se criarem mais e melhores programas de inovação aberta e testbeds descentralizados em várias regiões de Portugal que promovam o teste de tecnologias e soluções de negócio entre as principais empresas nacionais das diversas regiões e startups e scaleups.

Para Portugal manter e expandir a sua posição como um dos principais hubs de startups da Europa, é essencial que exista um esforço e ação colaborativa, coordenado entre todos os players do ecossistema. Somente dessa forma podemos garantir que o empreendedorismo e a inovação sejam uma realidade distintiva do país e não apenas de algumas regiões, levando prosperidade a todo o território.

  • Diogo Teixeira
  • cofundador e CEO da Beta-i em Portugal

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