Como melhorar a incubação de empresas

  • Tiago Ratinho
  • 7 Agosto 2020

Em regiões onde não há uma concentração de indústria significativa, o papel da incubadora passa por ligar a startup aos recursos especializados da indústria.

Num estudo recentemente publicado no Journal of Business Venturing baseado no único censo de incubadoras de empresas a nível mundial, são adiantados três mecanismos fundamentais para explicar a eficácia das incubadoras de empresas: isolamento (buffering), ligação (bridging) e curadoria (curating).

A equipa de investigadores da qual fiz parte explica que o foco de cada incubadora em cada mecanismo está associado com uma envolvente regional específica que potencia a longevidade da startup incubada. Em seguida, tento explicar como poderão os gestores de incubadoras e outros profissionais interessados em apoio ao empreendedorismo utilizar estes resultados no seu dia-a-dia.

O mecanismo de isolamento está relacionado com tudo o que é comum a todas as startups no começo da sua vida. Além do fardo administrativo de registar oficialmente uma empresas, os empreendedores têm que enfrentar uma série de outros percalços relacionados como encontrar uma sede oficial para receber potenciais clientes e fornecedores, garantir o cumprimento de todos os regulamentos inerentes à sua atividade, bem como o pagamento atempado de impostos, entre outros.

O papel da incubadora em reduzir os encargos inerentes a estas atividades é valiosíssimo particularmente em ambientes onde não abundam oportunidades semelhantes.

O mecanismo de ligação (bridging) prende-se com a atividade especifica de cada start-up e essencialmente traduz-me em ligar remotamente a startup com recursos específicos a sua industria. Enquanto que todas a startups precisam de um contabilista ou mesmo um web-designer, apenas as que operam em desenvolvimento de software B2C precisam de fornecimento dedicado de servidores, para dar um exemplo. Em regiões onde não há uma concentração de indústria significativa, o papel da incubadora passa por ligar a startup aos recursos especializados da indústria correspondentes de modo a criar vantagens competitivas locais para a startup.

Finalmente, o mecanismo de curadoria (curating) passa por disponibilizar à startup os recursos genéricos e especializados adequados as suas necessidades correntes. Este papel e mais relevante em regiões onde ambos os tipos de recursos são abundantes.

Imaginemos uma startup localizada em Lisboa a desenvolver uma ideia de negócio na área do turismo – um setor bastante bem representado na região. A intervenção da incubadora é vantajosa se tiver a capacidade de disponibilizar à startup os recursos que, de outra forma, estariam inacessíveis – por exemplo, acompanhamento jurídico especializado no turismo, ou investidores com portefólio na mesma área.

  • Tiago Ratinho

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