Como os RH podem ajudar as empresas a atravessar uma crise económica

  • Paul Burrin
  • 10 Janeiro 2023

À medida que as organizações têm de navegar incerteza e imprevisibilidade contínuas, a resiliência nunca foi tão crítica – e os líderes de RH desempenham um papel crucial.

Os líderes de RH estão preocupados com a economia – o que não é, naturalmente, uma surpresa. A inflação, a crise do custo de vida, os picos nos preços da energia e a recessão são preocupações imediatas que as empresas têm de enfrentar neste momento.

À medida que empregadores e colaboradores trabalham para mitigar o impacto desta situação, é essencial adotar uma abordagem sensível à relação entre ambos. Se os empregadores se deparam com custos crescentes, escassez de talento e todos os desafios inerentes ao bem-estar das equipas, os colaboradores são sobretudo afetados pelos custos de vida em alta e o congelamento dos aumentos salariais.

À medida que as organizações têm de navegar incerteza e imprevisibilidade contínuas, a resiliência nunca foi tão crítica – e os líderes de RH desempenham um papel crucial. Deixamos algumas oportunidades de que podem tirar partido para fazer face ao momento atual:

Gerir os custos fixos de forma rigorosa

As pessoas são o maior ativo de uma empresa e, portanto, o seu maior custo – mas manter o talento de topo compensa, uma vez que é o alicerce para ultrapassar com sucesso este período económico tempestuoso. Para além disso, tendo em conta o custo das novas contratações e da requalificação do talento, é mesmo necessário ponderar se se está disposto a perder os melhores colaboradores para a concorrência.

Se receiam que colaboradores valiosos estejam em risco de ser despedidos, o melhor é que os líderes de RH recorram a dados para criar um argumento forte para os manter, como KPI ou estatísticas de produtividade. Do mesmo modo, se a falta de aumentos levam a que bons colaboradores deixem a empresa, deve pensar-se em oferecer outros incentivos, como a semana de trabalho de quatro dias ou formação/qualificação.

O foco deve estar na produtividade – garantindo que se está a pagar pelo desempenho e procurando formas de aumentar a produtividade de forma sustentável.

Aumentar a compensação total com incentivos de custo variável

Durante períodos de turbulência económica, apesar do congelamento dos aumentos, os colaboradores vão continuar a procurar aumentar o rendimento. Utilizar bónus e conceder ações ou outros incentivos pode compensar os salários base. Para além disso, cartões-presente ou equivalentes (artigos da empresa, especialmente vestuário) são também uma boa forma de ajudar a manter a motivação.

O importante é ser aberto e transparente quanto aos salários e benefícios, comunicando de forma clara como funciona o sistema de avaliação e se decidem os níveis e aumentos salariais. Quando os colaboradores compreendem o que se passa ao nível da gestão, reagem melhor.

É também uma boa prática recordar os benefícios que a empresa já oferece – se dispõe de iniciativas para compensar o custo dos combustíveis, creches e benefícios relacionados com crianças, ou plataformas de desconto que ofereçam bens de consumo a preços reduzidos.

Por fim, devem ter-se em conta os incentivos ao bem-estar – como oferecer tempo livre adicional remunerado – e compreender que o reconhecimento frequente e a atribuição de prémios podem ser formas económicas de celebrar o sucesso das equipas.

Flexibilidade como incentivo financeiro

Pode parecer que não há muito a fazer quando as empresas põem um travão nos custos e incentivos financeiros, mas há que pensar fora da caixa: a flexibilidade pode ser uma moeda de troca sólida para a maioria dos colaboradores.

Uma semana de trabalho mais curta, concentrando as horas de trabalho em quatro dias, ou a oportunidade de trabalhar a tempo parcial podem ser alternativas muito apreciadas. Da mesma forma, conceder licenças sabáticas pode ser a motivação perfeita para quem esteja a considerar fazer uma viagem ou parar algum tempo.

Finalmente, apesar de o trabalho remoto e híbrido já ser a norma em muitas empresas, vale sempre a pena avaliar se é possível melhorar essa oferta.

Personalizar a experiência dos colaboradores

Saber como os colaboradores são afetados pelos aumentos significativos da inflação, dos preços dos alimentos e dos combustíveis permite aos profissionais de RH compreender o estado de espírito geral na organização. Assim, poderão decidir tomar medidas a nível organizacional, de grupo ou até individual para reduzir o stress e manter as equipas motivadas, empenhadas e produtivas.

Encorajar os líderes a ajustarem os seus estilos de gestão e a implementarem a liderança situacional é importante para responder às necessidades dos indivíduos e equipas. Também devem comunicar com os colaboradores com antecedência e constância, mantendo abertura e transparência sobre o desempenho da empresa, uma vez que isto fará com que se sintam valorizados.

Proporcionar-lhes uma maior autonomia na tomada de decisões sempre que possível e criar uma cultura de escuta, para que as equipas de gestão possam agir com base no feedback, são outras formas de gerar experiências personalizadas.

Implementar uma política de bem-estar financeiro

Implementar uma política de bem-estar financeiro que complemente a estratégia mais ampla da empresa demonstra empenho em apoiar os colaboradores com qualquer preocupação financeira que possam ter. Pode ser tão simples como oferecer orientação sobre gestão financeira ou dívidas; ou considerar subsídios para colaboradores que se deslocam ao escritório, empréstimos para ultrapassar dificuldades, apoio na manutenção das contribuições para pensões e seguros, e ainda aconselhamento nesta área.

Estar preparado para o que aí vem (e para mudar as prioridades)

Se os últimos anos nos ensinaram algo, foi como lidar com a incerteza num cenário em constante mudança. Os líderes de RH estiveram à altura e orientaram as organizações durante a pandemia, demonstrando o seu valor e aumentando a compreensão do papel dos RH. Novas formas de trabalho inteligente, adaptabilidade, flexibilidade ou resiliência são apenas alguns dos aspetos positivos que surgiram, à medida que as empresas inovavam para se ajustarem ao “novo normal”.

A atual recessão não é diferente e proporciona aos líderes empresariais e de RH a oportunidade de continuarem a inovar e a fazer mudanças positivas. Podem arriscar alterações mais ousadas e estratégicas ou dar um passo atrás e focar-se em soluções simples e rentáveis; seja qual for a escolha, não fazer nada não é opção. A agilidade na mudança é crucial e os RH estão perfeitamente posicionados para a liderar novamente. No meio da incerteza, um facto: estar preparado para o que der e vier é sempre uma jogada inteligente.

  • Paul Burrin
  • Head of Insights and Evangelism, HR and Payroll da Sage

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