Lembrei-me de Sísifo ao deparar-me com o pedido de falar na primeira pessoa sobre a recente conquista do primeiro Grand Prix de Portugal no Festival de Cannes, com o projeto Reconstituição Portuguesa
Sísifo talvez fosse um homem feliz. Considerado o mais astuto de todos, ao enganar Hades, o deus dos mortos, Sísifo foi condenado a carregar eternamente uma pedra de mármore para o cimo de uma montanha (pedra esta que rolaria de volta todos os dias para o lugar de partida). Não deixava de ser um emprego, digamos, tranquilo. Sísifo beneficiava de uma coisa extremamente rara: a previsibilidade. Não tinha de se preocupar com a concorrência, com a chegada das novas tecnologias, com os humores dos clientes, com o impacto da covid na economia. Sísifo não sofria de ansiedade, não tomava Rivotril, nem ia ao psiquiatra. Lembrei-me de Sísifo ao deparar-me com o pedido de falar na primeira pessoa sobre a recente conquista do primeiro Grand Prix de Portugal no Festival de Cannes, com o projeto