Desafios e tendências no mundo em evolução dos recursos humanos

  • Maria João Maia
  • 20 Maio 2024

Cada vez mais o papel dos recursos humanos passa por criar formas de diferenciação no mercado de trabalho para atrair, recrutar, reter e envolver as pessoas. Tudo começa com os colaboradores internos.

Falar sobre recursos humanos nos dias de hoje é uma tarefa que inclui uma miríade de temas diferentes, tantos quantos os papéis desempenhados por quem tem a seu cargo uma das gestões mais complexas: as pessoas. E num mundo laboral em constante mudança, esta é uma gestão que tem implícitas as muitas alterações que ocorrem a um ritmo cada vez mais vertiginoso, assim como uma variedade enorme de tendências e prioridades emergentes às quais é preciso dar resposta.

Por um lado, a Inteligência Artificial, que de tema de mera ficção se tornou uma realidade que tem um grande impacto ao nível dos recursos humanos. Com efeito, as ferramentas de IA são já, hoje, autênticos ‘colegas de trabalho’ a que muitos de nós recorremos, o que implica a criação de uma estratégia para capitalizar o potencial que têm, como, por exemplo, de dar mais tempo aos colaboradores para se focarem no que acrescenta mais valor e é mais estratégico para as empresas e, claro, para os próprios dentro destas.

Tal significa, para o responsável pelos recursos humanos, uma atualização constante e um conhecimento que lhe permita enquadrar a formação dos colaboradores para aproveitar as mais-valias do uso destas ferramentas, assim como ajudar na liderança de equipas.

Por outro lado, o tema do equilíbrio entre vida profissional e pessoal, que de desejo partilhado por muitos se tornou, mais do que uma prioridade, num imperativo, sobretudo à medida que são cada vez mais os jovens no mercado de trabalho.

Não há dúvida que a ausência deste equilíbrio, que é determinante para os millennials e elementos da Geração Z, não só para a escolha de um emprego, mas para a permanência no mesmo, tem sido a pedra angular de uma crise de retenção de talentos que é uma realidade que os departamentos de recursos humanos bem conhecem. Trata-se de um tema incontornável e que exige, cada vez mais, uma aposta em políticas family friendly, que permitam o equilíbrio físico e mental e o chamado work-life balance ou, o mais realista, work-life blending.

Aqui, continua a ter lugar o debate sobre o trabalho presencial, híbrido ou remoto e a necessidade de perceber que este último é, para muitos, a nova forma de trabalhar, o que implica a criação de políticas de combate ao preconceito de proximidade, ou seja, ao favorecimento dos colaboradores em regime presencial no que diz respeito, por exemplo, ao desenvolvimento de carreiras, em detrimento daqueles que trabalham remotamente e ao desenvolvimento do sentimento de pertença.

Mas, quando se fala de recursos humanos, fala-se também cada vez mais de employer branding, cujo papel é determinante para a atração e retenção de talento. Algo que, como referido, é um dos maiores desafios do atual mercado de trabalho.

As organizações com melhor reputação e que têm o seu propósito bem definido (e comunicado) têm também mais facilidade na atração de talentos. Cada vez mais, o papel dos recursos humanos passa por criar formas de diferenciação no mercado de trabalho para atrair, recrutar, reter e envolver as pessoas. Tudo começa com os colaboradores internos, que são os embaixadores das empresas, os verdadeiros porta-vozes.

Os recursos humanos têm um papel preponderante na criação das condições para tornar real essa satisfação, seja funcionando como um verdadeiro head hunter, ao identificar as oportunidades de desenvolvimento e progressão interna; seja pelo trabalho ao nível da cultura, da motivação, da resposta às necessidades dos colaboradores, nomeadamente na criação de condições e adaptação de processos que permitam que todos possam dar o seu melhor, sabendo que, cada vez mais, one size doesn’t fit all, e incentivando o speak-up, fundamental para melhoria contínua e aumento do sentimento de pertença.

Finalmente, não esquecer a importância das políticas de diversidade, equidade e inclusão, que devem estar inerentes a toda e qualquer ação, processo e política, fazendo parte da própria cultura da empresa e que definem a sua individualidade. Porque um local de trabalho inclusivo, diverso e psicologicamente seguro é, talvez, o segredo para a construção de uma marca empregadora forte.

  • Maria João Maia
  • Human resources & legal director na AstraZeneca Portugal

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