Dez tendências da internet para 2019
Desde 1995 que Mary Meeker nos ajuda a perceber os pequenos movimentos que acabam por se tornar tendência na Internet. Reuni os 10 insights mais interessantes do relatório deste ano.
O relatório de 2019 da Mary Meeker – provavelmente o estudo mais antecipado todos os anos sobre tendências na internet – foi divulgado esta semana. São 334 slides cheios de informação e insights preciosos. Reuni os 10 mais relevantes, para que não tenha de ler o relatório todo.
1. Tempo que as pessoas passam por meio vs. investimento nesse meio
Este é um dos slides mais aguardados desde que foi feito pela primeira vez em 2010. O momento é histórico pois, em 2018, pela primeira vez, a percentagem de investimento publicitário em mobile é igual à percentagem de tempo que as pessoas passam nesse meio. Em 2010, a proporção era de 1 para 16, o que levou Meeker a identificar uma oportunidade de 20 mil milhões de dólares no mercado norte-americano da publicidade online (mobile e desktop).
Isto significa que está tudo feito e que não existem mais oportunidades em mobile? A resposta é não: A experiência do utilizador em mobile num grande número de sites ainda é muito má. A experiência da publicidade é ainda pior. Há muitas oportunidades para melhorar nesta área.
Outro dado interessante: O investimento em imprensa continua teimosamente acima do tempo que as pessoas lhe dedicam. Na rádio, abaixo. Assumindo que os marketers sabem o que estão a fazer, o que há de tão especial nos anúncios de imprensa e o que não funciona na rádio?
2. Google e Facebook dominam a publicidade online, mas as outras plataformas estão a ganhar quota de mercado
Especialmente a Amazon, cujas receitas de publicidade já representam cerca de 20% das receitas do Facebook. A empresa de Bezos conhece melhor as pessoas do que o Google e o Facebook e isso pode ser uma clara vantagem quando se trata de fazer anúncios segmentados. O interesse da Amazon pela Sizmek – empresa de publicidade programática – mostra que querem fortalecer a sua oferta nesta área. Este artigo no New York Times sobre o negócio da publicidade da Amazon mostra como as marcas estão a tirar partido da oferta publicitária da empresa.
3. Compra de publicidade via programática já representa quase dois terços do total
A compra programática de publicidade representou 62% do total da publicidade display em 2018. Nesta área, o ecossistema da Google é claramente o dominante e os aumentos de privacidade recentemente anunciados podem fazer com que a Google reforce a sua posição dominante. A Sizmek – um dos rivais da Google – que fez um pedido de proteção contra credores, está, neste momento, a ser alvo de uma disputa entre a Amazon e a empresa francesa Weborama para ver qual das duas a conseguirá comprar.
4. Campanhas integradas: TV e digital
A integração entre TV e digital é uma das áreas com maiores oportunidades para explorar na área da publicidade. As pessoas veem hoje maioritariamente televisão com um telefone na mão. E o mais interessante é que 71% das pessoas pesquisa no telemóvel sobre o que está a ver na televisão. O volume e o potencial para campanhas de publicidade inteligentes existem claramente. Quem souber explorar bem esta oportunidade terá um negócio muito interessante nas mãos. A Xandr, empresa de publicidade da AT&T, é uma das que lidera este mercado nos Estados Unidos.
5. Tempo na televisão vs. tempo no telefone
Em 2019, as pessoas vão passar mais tempo a olhar para o telefone do que a olhar para a televisão. A tendência é inequívoca e o investimento dos anunciantes está finalmente a acompanhar os números. Mas há razões para os donos das estações televisivas estarem otimistas em relação ao seu futuro, com os anunciantes dispostos a pagarem mais dinheiro por audiências mais pequenas. Um dos motivos para isso é a televisão ser o meio que consegue apanhar mais pessoas ao mesmo tempo, algo vital para os anunciantes que planeiam os seus negócios e investimentos em torno de novos lançamentos e campanhas promocionais. Este esclarecedor artigo do Financial Times explica porque é que é vital a cobertura de eventos desportivos na estratégia das televisões.
6. Será a voz a próxima fronteira?
A pesquisa por voz está já a precisar de muita atenção nos Estados Unidos – e a Europa deve seguir os seus passos, como sempre. O crescimento da voz tem sido exponencial tanto em termos de aparelhos vendidos e instalados como em termos de interesse por parte dos developers. Os Amazon skills – o semelhante às apps nos telefones – têm tido um crescimento muito grande, o que significa que há muita gente a experimentar.
Se alguém tivesse dúvidas sobre o potencial que a Amazon vê neste mercado, este artigo do Wall Street Journal dá conta esforço da empresa para meter as suas colunas dentro da casa das pessoas.
7. Imagem de conteúdo para vendas
As possibilidades para a utilização da imagem no espaço digital também têm crescido enormemente nos últimos anos. Os próximos dois anos serão determinantes, nomeadamente com o aparecimento do 5G, que vai permitir fazer coisas atualmente impensáveis. Kevin Systrom, fundador do Instagram, deixa as coisas bem claras: “People have always been visual – our brains are wired for images. Writing was a hack, a detour.
Pictorial languages are how we all started to communicate – we are coming full circle.”
8. Fintech em forte crescimento na Europa
As fintech estão em forte crescimento no mercado europeu. A Revolut anunciou recentemente que ultrapassou os quatro milhões de clientes no continente europeu. O principal mercado é o inglês, com mais de um milhão de clientes, mas em Portugal as estimativas apontam para cerca de 120 mil utilizadores – ou seja, em cada 100 portugueses pelo menos um tem conta na Revolut. Mas, na realidade, se olhar para o meu telefone, em cada 100 dos meus contactos há 13 pessoas com conta aberta…
Os bancos estão preocupados com a parte tecnológica da concorrência mas muito da força das fintech está assente em insights profundamente humanos – as pessoas querem poder fazer facilmente inúmeros cofres virtuais para despesas e objetivos distintos. Algo muito low-tech.
9. Digital continua a crescer na saúde
Tal como na área financeira, o mercado da saúde tem sido fortemente impactado pelo digital. Curiosamente, a maior parte das mudanças têm sido lideradas paulatinamente pelas pessoas e não pelos operadores. Atualmente, oito em cada 10 jornadas de saúde começam por uma pesquisa online, tipicamente uma pesquisa por um sintoma ou uma doença. Ao mesmo tempo, sabemos que as críticas e opiniões online sobre médicos e hospitais são decisivos na hora de marcar consulta.
Tudo isto são enormes oportunidades para quem souber aproveitar este comportamento transversal a todas as idades e classes sociais.
10. As redes sociais estão a matar-nos
Apesar de todas as coisas positivas, a parte má das redes sociais não pode ser ignorada. Menos sono, pior sono, depressão e ansiedade são condições que estão a ser potenciadas pela utilização das redes sociais. Com este conhecimento, as maiores plataformas estão a lançar aplicações para monitorizarem o tempo que passamos online.
Talvez esteja na hora de passar mais tempo na rua, como aconselha esta brilhante campanha da We Transfer.
Antes de sair, pode ler o relatório completo de Mary Meeker sobre a internet.
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