Flexibiliquê?

  • Carlos Oliveira
  • 8 Setembro 2023

Passar de uma estrutura histórica rígida, de horário de trabalho fixo para horários flexíveis, é uma tremenda mas inevitável revolução.

Um dos temas mais relevantes no universo corporativo prende-se com o trabalho híbrido. A chamada revolução do trabalho remoto levanta várias questões muito importantes para a estratégia das empresas. Primeiro, a dimensão do espaço físico adequada a uma utilização rotativa nem sempre é fácil de avaliar porque os vectores raramente são constantes. Segundo, o desenho desses espaços está a mudar porque os colaboradores passam a definir tarefas específicas para estes, que se prendem predominantemente com uma utilização colaborativa. Terceiro, a flexibilidade de horários que implica calendários perpétuamente ajustáveis. Quarto, a melhor gestão dos recursos financeiros considerando as melhores práticas de custo por uso. Quinto, a importância desta flexibilidade na capacidade de atrair e reter talento.

Considerar todas estas variáveis num horizonte temporal médio, ou num mundo com elevada instabilidade político-económica, torna-se um verdadeiro quebra-cabeças para qualquer gestor.

Toda a cadeia de valor do sector imobiliário e serviços adjacentes sente esta mudança e necessidade de dar respostas. A flexibilidade tornou-se um valor quase absoluto num mundo onde a maturação dos investimentos tende a ser bastante longa. Um exemplo dessa resposta é o crescimento exponencial dos chamados flexoffices (escritórios com serviços), que oferecem um produto que compensa a tradicional longevidade dos compromisos contratuais no arrendamento.

Aqui refere-se o “onde” e o “como” trabalhar, mas quando se fala em trabalho remoto ou híbrido, há um outro factor com enorme peso e que tenderá a ser a próxima grande revolução na relação das organizações com os seus colaboradores: o “quando”.

Passar de uma estrutura histórica rígida, de horário de trabalho fixo para horários flexíveis, é uma tremenda mas inevitável revolução. Basta ver que a tipificação dos contratos de trabalho, o cálculo de remuneração e o cálculo de férias e licenças de quem trabalha por conta de outrém, está predominantemente assente numa lógica de remuneração de tempo e raramente de tarefa.

Esta flexibilidade, a ser implementada, vai concentrar a relação laboral nessas mesmas tarefas ou objectivos em detrimento do tempo ou local da sua execução. Os modelos de gestão já estão a ser alterados em muitas empresas com estes objectivos.

Estas mudanças transversais e a evolução tecnológica terão um óbvio impacto na legislação, na geografia das cidades, das suas comunicações e transportes, e na relação de cada um dos cidadãos com a forma como gerem os seus tempos profissionais e pessoais, que tendem a estar cada vez mais interligados.

Estamos a assistir a tempos extraordinários, em que as mudanças tendem a ser cada vez mais rápidas. Aplicando a lógica Darwiniana, sobreviverá, não só quem revelar melhor capacidade de adaptação ao meio, mas quem o fizer de forma mais célere.

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico

  • Carlos Oliveira
  • Head of Office Agency at Cushman & Wakefield Portugal

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Flexibiliquê?

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião