Governance: o segredo da prosperidade a longo prazo
Este é um conceito pouco enraizado na maioria das Pequenas e Médias Empresas, que representam 99,9% do tecido empresarial em Portugal, a maioria de cariz familiar.
Milton Friedman dizia que “The Social Responsibility of Business is to Increase its Profits”. O princípio de que o sucesso de uma empresa depende meramente da combinação do nível de recursos de que dispõe para comercializar produtos e serviços e assim obter rentabilidade está ainda muito presente.
Esta lógica está, porém, a dar lugar a modelos baseados na criação de valor a longo prazo, não apenas para acionistas, mas também para as demais partes interessadas: é a mudança do paradigma de Shareholder Primacy para Stakeholder Theory, que implica a integração das dimensões ESG na estratégia das empresas.
A dimensão E (ambiental) surgiu como a mais ligada ao conceito de sustentabilidade, a que se juntou a dimensão Social. Tal leva à tentação de integrar estas duas dimensões per si na estratégia da empresa, uma vez que a dimensão de Governance não é nova.
O que é a Governance? Podemos resumi-lo como o conjunto de regras e condutas que orientam a organização na sua atuação. De acordo com a Business Roundtable Portugal, existem alguns pilares incontornáveis para o desenvolvimento de uma estratégia de governance robusta: Órgão de governo e processo de tomada de decisão; Gestão de risco e controlo interno; Transparência e reporting; Cultura empresarial e compromisso com a Governance.
Este é, porém, um conceito pouco enraizado na maioria das Pequenas e Médias Empresas, que representam 99,9% do tecido empresarial em Portugal, a maioria de cariz familiar. São também as que mais sofrem com a ineficácia da Governance, perdendo capacidade de se afirmarem no mercado, com os danos que tal produz em toda a sociedade.
A Governance traduz-se num plano agregador da cultura organizacional, alicerce sem que não há espaço para a integração das outras dimensões. Se esta dimensão não receber a atenção, devida o insucesso está à espreita? Como agir? Olhemos para duas palavras-chave: Propósito e Compromisso, simples mas que implicam um longo caminho a percorrer.
Em cada consumidor há um ativista, em cada investidor há uma preocupação: as organizações têm de colocar o Propósito no centro das operações, cuidar os seus colaboradores e das comunidades onde se inserem.
Para continuar a prosperar, as empresas têm de assumir um Compromisso com a criação de valor que responda à cada vez maior exigência das pessoas. Serão as que se responsabilizam pelos seus stakeholders as mais valiosas a longo prazo.
O contexto regulatório tem vindo a assumir um impacto progressivo, com crescentes exigências de reporte a nível ESG e os seus efeitos vão-se fazer sentir de forma em toda a cadeia de valor. Praticamente nenhuma empresa vai ficar de fora deste movimento.
As organizações mais bem preparadas e despertas para políticas em prol da sustentabilidade, com a visão focada na mitigação dos riscos e aproveitamento das oportunidades, serão as que maior sucesso terão no futuro.
Vão competir por melhores condições de remuneração de financiamentos, melhores taxas de aplicação, maior capacidade de atração de talento, subsídios governamentais, entre outros. A estratégia ESG e a ética com que a implementam e comunicam, incluindo o nível de fiabilidade e transparência, vai ser distintivo na hora de os stakeholders escolherem onde aplicam o seu tempo e dinheiro.
Numa cultura alinhada com o propósito, é urgente e importante garantir que cada um, desde os gestores (dimensão G), a quem cabe dar o kick-off, até aos seus trabalhadores (dimensão S), conhece o contributo de si esperado para o propósito da organização como um todo em matéria de sustentabilidade. E que assuma um compromisso renovado para com a Sociedade – strictu e lato sensu – a longo prazo. Tudo o resto virá naturalmente.
“A propósito”, qual o propósito ESG da sua organização? E o seu compromisso nesse âmbito?
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