Greve Geral Climática

O discurso da activista Greta Thunberg representa a emergência de uma nova elite que se dirige à multidão planetária num registo moralista e totalitário.

No horizonte da greve geral há sempre uma ideia de Revolução Social. O mito revolucionário sobrevive a todas as contingências da História e do Tempo. O discurso de Greta Thunberg representa o pensamento puro do intelectual que se constitui como a vanguarda da Revolução. O fenómeno das Alterações Climáticas é uma evidência séria, mas marcada pelo cinismo, pelo sentimentalismo, pela hipocrisia da última Grande Geração do Carbono.

As Alterações Climáticas são a nova ideologia do momento. A politização do fenómeno científico é o mais potente argumento contra a ideia de um Capitalismo Liberal. A formulação de um Radicalismo Chique dissemina-se pelo Planeta como a nova face da Justiça Social, uma idealização de um Mundo Perfeito destruído pela perversidade do Progresso e da Riqueza. Neste ponto surge a questão da linguagem e da política.

O discurso da activista Greta Thunberg representa a emergência de uma nova elite que se dirige à multidão planetária num registo moralista e totalitário. Esta Geração da Vanguarda está completamente dominada pela ideia de uma nova Utopia. Quando observa o Mundo das Alterações Climáticas, a Geração da Vanguarda só consegue ver a ruína, a falsa segurança, a falsa cultura, a falsa vida, tudo produtos do Modo de Produção Capitalista. O Novo Mundo só pode ser alcançado pela destruição do Velho Mundo, pela concretização dos valores da Justiça Climática que se assumem com uma dignidade e uma superioridade totalitárias.

O paradoxo não podia ser mais flagrante, pois é necessário destruir política e economicamente o presente em decomposição climática para garantir a Justiça Social no horizonte de uma Sociedade Global. É o clássico fenómeno político da antropomorfização do Mundo e do Clima.

O discurso de Greta Thunberg tem ainda um peculiar desvio heterodoxo. O Capitalismo Liberal assenta pelo menos em dois conceitos fundamentais:

  1. Primeiro, a ideia do predomínio da liberdade;
  2. Segundo, o conceito de maximização do progresso.

O discurso liberal face às Alterações Climáticas enfatiza uma espécie de optimismo constitutivo do Liberalismo, sobretudo quando afirma que muitas outras crises surgiram no passado e foram resolvidas por via da criatividade e do engenho da Liberdade ao serviço do Progresso. Este é o epicentro da doutrina que suporta a ideia de um “New Green Deal” na sua vertente Estatista, ou que legitima o conceito do grupo “New Optimists” na sua afirmação Libertária.

Para Greta Thunberg este não é, nem o desígnio, nem o propósito. Na visão do Apocalipse Climático que guia a sua perspectiva política, os benefícios da Acção Climática não têm uma lógica ou um objectivo económico, pois estes, a acontecerem, serão meramente colaterais e não intencionais. A mensagem da activista tem na sua órbita a ideia de que o Progresso conduziu a Humanidade Global às fronteiras do abismo, da crise existencial, da extinção em massa e que, em benefício ou prejuízo do Modo de Produção Capitalista, é da responsabilidade da Geração da Vanguarda pressionar no sentido de evitar o desastre e uma nova Grande Extinção no Planeta.

Neste sentido, para Greta Thunberg o valor da Liberdade e do Progresso não são os elementos determinantes na sua postura activista, pois o que se coloca como valor soberano e supremo é a emergência e a sobrevivência do Planeta transformado pela Grande Utopia Climática.

A ideia de um “Crescimento Verde” é a base para todas as soluções possíveis e imaginárias para o problema das Alterações Climáticas. Embora não passe de um slogan político de conveniência, este é o modo de acção político estabelecido por defeito e sem efeito até há presente data.

No entanto, há quem lance sérias dúvidas relativamente à eficiência desta estratégia política e económica. Dito de outro modo, a ideia de resolver as Alterações Climáticas através de um compromisso que mantenha o crescimento económico é, simultaneamente, uma tentação política e uma ilusão económica. Não existe precedente histórico que garanta que uma sociedade é capaz de gerir a desagregação entre o crescimento económico e o Modo de Produção expresso quantitativamente e em larga escala no nível de emissões de Carbono.

Mais ainda, pelo estado actual do desenvolvimento científico, existe uma baixa probabilidade de se encontrar uma solução viável e operacional para controlar o conteúdo da Atmosfera. Neste cenário, as políticas económicas, quer à Esquerda, quer à Direita, terão de ser completamente repensadas para se poder evitar a Catástrofe Climática. Sem a ilusão do “Crescimento Verde”, as opções políticas oscilam entre a Globalização da Pobreza e o Apocalipse Climático.

Neste vazio político e neste impasse civilizacional, o discurso radical de Greta Thunberg desliza como os lírios numa floresta encantada. Os sonhos sobre a História do Mundo descrevem o nascimento de um novo culto em que as águas do Oceano se abrem para que a Geração da Vanguarda possa atingir a Cidade Mágica, no fim da viagem ao País da Manhã. Mas antes da Cidade Mágica, percorrem as ruas das Cidades do Mundo, libertando para a Atmosfera o medo de quem pensa que já não existe tempo para o futuro.

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