O peso da marca para atrair pessoas

  • Artur Madeira Lopes
  • 14:00

A realidade mudou, mas – não menos importante – as pessoas também mudaram. Antes, quem era contratado, prometia entregar. Agora, à cabeça, a empresa é que tem de entregar.

Hoje, uma marca tem de acompanhar as tendências da sociedade civil e estar atenta ao lado mais pessoal dos colaboradores. Mas como é que consegue responder a tudo isto? E, em contrapartida, o que pode receber em troca?

Já lá vai o tempo em que, no processo de recrutamento, o candidato conhecia a marca e sabia, literalmente, ao que ia. Talvez porque existiam menos empresas, havia o “boca-em-boca” ou a ideia de muitos candidatos era ficar, por muitos e longos anos, nos seus locais de trabalho.

A realidade mudou, mas – não menos importante – as pessoas também mudaram. Receber uma chamada de um headhunter já não é uma honra e, em áreas onde a desafio de contratar é inegável, esta realidade revela-se cruel. É que a simpatia (ou, pelo menos, a cortesia) esfumou-se. Não ficam portas abertas para o futuro. E à simples pergunta “gostaria de recomendar alguém?” responde-se com “isso é o seu trabalho”.

O relato anterior é o extremo. Mas, cada vez mais, temos de estar preparados para conseguir atrair pessoas com isto em mente. Deste modo, não basta apresentar a empresa, os seus objetivos, o plano de crescimento a longo prazo e as várias iniciativas que lidera dentro e fora de portas. É preciso dar mais. Por exemplo, os candidatos têm de saber que podem estar a ponto de entrar no universo de uma marca sólida, consistente, responsável financeiramente, com exposição baixa à banca e bons rácios financeiros. Não são pormenores a descurar. É uma questão de transparência e de termos a oportunidade de “agarrar” quem verdadeiramente importa, sempre com a verdade. Do outro lado esperamos perguntas pertinentes. Centradas na organização e, claro, em si próprio e naquilo que pode ser o futuro.

O candidato ideal não existe, ainda mais à imagem da marca. Por isso, devemos responder sempre a este desafio com flexibilidade e um único propósito: tornar quem chega no melhor profissional possível.

Ainda assim, há características que podem ser privilegiadas e, aqui, entra um tema recorrente: soft skills. Diria que, atualmente, é o recurso mais valioso, acima do conhecimento técnico, porque é importante estarmos rodeados de pessoas colaborativas e flexíveis, com capacidade para escutar, que possam compreender bem os objetivos da empresa e da realidade que as rodeia.

Cada vez mais se fala na situação de “pleno emprego” em Portugal. Ou seja, cada vez mais é difícil recrutar. Traduzindo: não são as empresas que escolhem os colaboradores; são os colaboradores que escolhem as empresas.

Voltemos ao início deste texto. A realidade mudou, mas – não menos importante – as pessoas também mudaram. Antes, quem era contratado, prometia entregar. Agora, à cabeça, a empresa é que tem de entregar.

Por mais que a marca tenha bons valores, a condição humana, o “eu”, está acima de tudo isso. Mas, como em qualquer relação, o compromisso tem de estar dos dois lados.

  • Artur Madeira Lopes
  • Head of talent acquisition da askblue

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