O poder dos recomeços
Quando sabemos de onde partimos, o que temos a nosso favor e o que pode jogar contra nós, torna-se mais fácil traçar um percurso, estabelecer objetivos, começar projetos e até permitir-nos ter sonhos.
Setembro é um mês de recomeços.
Confesso-me fã incondicional de recomeços. Recomeçar é bom, em muitos sentidos. Quando era miúda, setembro era sinónimo de material escolar acabado de comprar, de livros encadernados de fresco e de etiquetas que mostravam que já estávamos um ano acima, como se fossem uma medalha de honra acabada de impor. Era um mês de horários e professores novos e de tudo o que girava em torno de rever os amigos, depois longas semanas de ausência.
Hoje, setembro é a altura de fazer promessas de que não vai haver stress de manhã antes de sair de casa, de que os farnéis e os sacos vão ficar sempre preparados de véspera, e de que vai estar tudo na cama cedo e sem écrans. É a promessa também, de que vamos organizar os nossos dias de forma a ter tempo para fazer o que devemos, sem distrações e com concentração, de que vamos ter tempo para nós, para os nossos, e para o que gostamos de fazer.
Como são bons os recomeços e este ânimo que surge sem sabermos muito bem de onde, apenas pela chegada de um novo mês.
Este verão, em pleno agosto, com setembro ainda longe da cabeça e do coração, enquanto via vinte e muitos sobrinhos saltar para a piscina e brincar, dei por mim a pensar não em recomeços, mas em pontos de situação.
Por longos minutos, refleti sobre a importância de conhecermos e aceitarmos as nossas circunstâncias, a nossa realidade e aquilo que somos. O ponto exato em que estamos em cada momento. Dei por mim a pensar na importância dos pontos de situação como o ponto de partida dos recomeços. A definição do ponto A para podermos chegar ao ponto B.
Como correram os primeiros nove meses do ano? O que correu bem? O que poderia ter corrido melhor? O que poderia ter sido feito de forma diferente? O que esteve sempre fora do nosso controlo? E como reagimos nessas situações?
Como crescemos e como cuidamos do nosso crescimento? Do intelectual, do emocional e do espiritual?
Como são os nossos dias, os nossos horários e rotinas? Quantas horas alocamos a cada coisa que fazemos? E quanta energia despendemos (física e emocional) a fazer cada uma? O que nos enche e o que nos drena?
Que ferramentas temos ao nosso dispor para fazer o que queremos? Investimos em formação de qualidade com a certeza de que a partilha de conhecimento e de novas formas de pensar, nos ajudam a tirar maior partido daquilo que os dias têm para nos oferecer?
Temos ao nosso lado alguém que nos ouve, que nos aconselha, que nos dá a mão? Apostamos em métodos como o coaching para desenvolver competências, traçar objetivos e caminhos para lá chegar?
O que nos dá prazer fazer? O que fazemos bem? O que nos enche a alma?
Saber de onde partimos e que bagagem levamos é tão importante para a viagem, como saber onde queremos chegar.
Quando sabemos de onde partimos, o que temos a nosso favor e o que pode jogar contra nós, torna-se mais fácil traçar um percurso, estabelecer objetivos, começar projetos e até permitir-nos ter sonhos porque se parte de terreno seguro.
“Aceita a realidade como ela é, não como foi ou como gostarias que fosse” é uma citação atribuída a Jack Welsh, e é talvez um dos melhores conselhos para podermos recomeçar depois das férias.
Tirar um tempo para refletir sobre as nossas circunstâncias, sobre aquilo que é a nossa realidade de todos os dias e sobre quem somos, é talvez a melhor forma de nos voltarmos a conhecer, depois de um período de paragem e descanso para conseguirmos abraçar os nossos dias com a força que eles merecem e fazer de cada um deles e de nós mesmos, a melhor versão possível.
E com esse cuidado e reflexão, então deixar vir setembro, com tudo de bom o que ele traz, e com a certeza de que os passos que dermos, serão firmes e seguros recomeçando com ânimo sempre que acontecer falharmos, pois onde quer que estejamos, é sempre daí que partimos.
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