O que está a mudar na gestão do talento nas organizações?

  • Margarida Santos
  • 15 Maio 2024

A experiência do colaborador surge como a preocupação número #1 dos Recursos Humanos, recomendando-se a valorização de abordagens mais centradas nas pessoas.

A produtividade e a eficiência são as duas palavras que marcam os planos de transformação das organizações para este ano. Mais do que refletir, executivos e equipas de Recursos Humanos (incluindo a Comunicação Interna) têm de agir, desde já, para garantir a sustentabilidade e um futuro próspero das suas organizações.

De acordo com o Global Talent Trends 2024, elaborado pela Mercer, são quatro as grandes tendências que se estão a revelar decisivas no atual panorama organizacional:

Drive human centric productivity

A primeira tendência fala-nos sobre a produtividade e o potencial da junção humano-máquina. Expectantes sobre o uso e a aplicação da inteligência artificial (IA) no dia-a-dia das suas organizações, os executivos revelam uma perspetiva otimista esperando obter ganhos com a IA superiores a 30%. Contudo, três em cada cinco (58%) acreditam que a tecnologia está a avançar a uma velocidade superior do que a capacidade de reconversão dos colaboradores. Este último aspeto coloca grandes questões sobre os atuais e futuros modelos de talento, com apenas um em cada três (36%) executivos a acreditar conseguir satisfazer a procura deste ano com o seu atual modelo de talento.

Anchor to trust and equity

A segunda tendência explora o tema da confiança e da importância da equidade. Observa-se um esbater dos níveis de confiança dos colaboradores face às organizações (80% vs 69%) após os valores terem atingido o seu máximo no período de pandemia. Por outro lado, os colaboradores revelam querer trabalhar para organizações mais justas e mais equitativas. Neste cenário, a experiência do colaborador surge como a preocupação número #1 dos Recursos Humanos, recomendando-se a valorização de abordagens mais centradas nas pessoas e questões que vão além do tema salário, nomeadamente abordando a sua saúde, o bem-estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional como parte integrante da proposta de valor.

Boost the corporate immune system

A terceira tendência sugere que organizações mais conscientes dos riscos conseguem antecipar-se e definir estratégias mais efetivas para a mitigação dos riscos. Na perspetiva do negócio, um dos principais riscos reconhecido pelas empresas é a disrupção tecnológica, nomeadamente através do cyber-risk. Na perspetiva das pessoas, destacam-se o risco de fadiga extrema ou as preocupações financeiras (vemos, por exemplo, que a Gen-Z está mais preocupada que os Baby Boomers) que afetam diretamente a produtividade e o bem-estar dos colaboradores. Estes aspetos refletem-se na importância de culturas organizacionais mais próximas e cuidadoras em dimensões tão distintas como financeira, carreira, social, emocional e física dos vários colaboradores.

Cultivate a digital first-culture

A quarta tendência destaca que as organizações mais ágeis e adaptáveis têm maior probabilidade de prosperar. De acordo com o estudo, as organizações mais resilientes têm 1,9 vezes mais probabilidade de privilegiar a estratégia digital. No entanto, ainda quase 67% das organizações adotam as novas tecnologias sem transformar as suas formas de trabalho ou garantir uma gestão da mudança intencional que, por exemplo, comunique as mais-valias e capacite as pessoas nas ferramentas.

Estamos perante um mundo em mudança, que coloca novos desafios no mundo laboral. O equilíbrio entre vida profissional e familiar, a inevitabilidade da tecnologia para a evolução das organizações e a necessidade de uma solução de equilíbrio com a gestão do talento humano ou a importância de uma literacia digital para mitigar os riscos tecnológicos são apenas algumas características deste ecossistema onde vivem as organizações. Estar dotado da informação necessária para fazer uma reflexão estratégica e tomar a decisão mais acertada para a gestão do talento da organização é, cada vez mais uma ação exigente, mas necessária.

  • Margarida Santos
  • Senior associate da Mercer Portugal

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