
O Seguro na Nova Ordem Mundial
Nuno Oliveira Matos sugere aos seguradores não olharem tanto para o passado, mas imaginar soluções novas para novos problemas que ainda estamos a compreender.
Vivemos um tempo em que o mundo parece simultaneamente mais próximo e mais distante. As cadeias globais de valor fragmentam-se, os fluxos de comércio desaceleram e a cooperação internacional enfrenta ventos contrários. Num cenário marcado pelas incertezas, económica, política e climática, o setor segurador emerge não apenas como gestor de riscos, mas como pilar de estabilidade e confiança.
O seguro sempre foi uma ponte entre o imprevisível e o possível. Desde os grandes incêndios às pandemias, acompanha a evolução das sociedades, reinventando a forma como protegemos pessoas, empresas e comunidades. Mas hoje, mais do que nunca, o papel do seguro exige uma nova ambição: sermos agentes ativos na construção da resiliência global.
A fragmentação geoeconómica não é apenas um termo académico; infelizmente, é uma realidade com impacto direto na capacidade das economias se protegerem e prosperarem. O aumento das tensões geopolíticas, o ressurgimento do protecionismo e a disrupção das cadeias de abastecimento globais elevam o risco sistémico e desafiam a própria noção de previsibilidade e, consequentemente, a resiliência e estabilidade económico-social.
Neste contexto, o seguro enfrenta uma pressão inédita: como diversificar riscos quando as fronteiras se tornam barreiras? Como tarifar ameaças quando a volatilidade se torna norma?
A resposta não está em olhar para o passado, mas em imaginar soluções novas para problemas que ainda estamos a compreender.
Paradoxalmente, é nos momentos de maior disrupção que emergem as maiores oportunidades. A transição energética, a proteção contra riscos geopolíticos, o seguro cibernético ou a cobertura de cadeias de valor críticas são exemplos de áreas onde o setor segurador pode e deve liderar.
Mais do que transferir riscos, temos a responsabilidade de ajudar empresas e comunidades a compreendê-los, mitigá-los e transformá-los em alavancas de crescimento sustentável.
Num mundo onde a desconfiança cresce e o diálogo global vacila, o seguro pode e deve ser voz de liderança. Uma liderança que não se esgota na proteção financeira, mas se estende à promoção de políticas públicas responsáveis, à colaboração internacional e à inovação sustentável.
O seguro é, no fundo, um contrato social. E, como tal, é chamado a estar presente quando tudo o resto falha. Saberemos estar à altura deste desafio!
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