O talento português: um íman para o investimento estrangeiro

  • Thomas Marra
  • 19 Abril 2024

O talento português é uma força motriz da atratividade do investimento estrangeiro para o país, sendo um fator incontornável na manutenção da competitividade global.

Dados recentes do Banco de Portugal mostram que o investimento direto estrangeiro mais do que duplicou entre 2008 e 2023. Existem várias razões para explicar essa atração de investimento, como os incentivos à fixação de empresas, a segurança e o clima ameno. No entanto, o fator de distinção é, sem dúvida, a qualidade do talento português.

A verdade é que não é só o clima que atrai as empresas para Portugal. O talento nacional é bastante procurado e há vários motivos que explicam a qualidade e as vantagens competitivas de contratar portugueses.

A formação e qualificação são, claro, os fatores mais significativos verificando-se um reconhecimento internacional da qualidade da formação oferecida pelas instituições de ensino superior portuguesas. Algumas delas figuram mesmo nos rankings internacionais, com destaque, sobretudo, para a área das tecnologias da informação.

Além disso, os portugueses apresentam o forte atrativo da fluência em línguas estrangeiras, nomeadamente, o inglês. Esta vantagem deve-se, certamente, ao facto de Portugal oferecer um currículo escolar que aposta no ensino de línguas estrangeiras desde muito cedo.

Sendo o talento do país reconhecido internacionalmente, e constituindo um fator de atração do investimento estrangeiro, a verdade é que esse trunfo tem também o seu revés. Nesse sentido, a emigração de jovens qualificados tem registado um incremento, com este talento à procura de melhores condições de rendimento noutros países.

Tal como os dados do portal de estatísticas Pordata mostram, a emigração dos jovens entre os 20-29 anos voltou a aumentar gradualmente desde 2020, após uns anos de desaceleração. Este fenómeno está associado ao aumento do custo de vida nacional. Afinal, cada vez mais jovens têm dificuldade em viver nos locais em que se concentra a maioria da oferta laboral: as grandes cidades.

A fuga do talento português é um problema que faz lembrar os anos da Grande Recessão. Atualmente, segundo o Observatório da Emigração, cerca de um terço dos jovens nascidos em Portugal vive fora do país – e isso é preocupante.

Esta perda de capital humano pode combater-se com a aposta na descentralização, isto é, promovendo o desenvolvimento económico do interior do país, dinamismo que pode alcançar-se através da articulação com os centros universitários do interior, que podem e devem assumir um papel essencial na ligação dos jovens com o mercado de trabalho.

É, portanto, crucial atuar na retenção deste talento se queremos garantir a continuidade do investimento estrangeiro. O talento português é uma força motriz da atratividade do investimento estrangeiro para o país, sendo um fator incontornável na manutenção da competitividade global.

  • Thomas Marra
  • Country manager da Gi Group Holding em Portugal

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