Parentes pobres e parentes ricos na Saúde

  • Bruno Carvalho
  • 16 Outubro 2019

Escolher e adequar os produtos aos clientes e não o contrário é fundamental para não criar expectativas que saem frustradas e perturbam a relação de confiança com os segurados.

Todos os dias saem notícias sobre o crescimento no mercado dos seguros de saúde, segundo parece aproximadamente 20% da população tem um seguro de saúde. Torna-se difícil perceber se esses estudos refletem somente as pessoas que tem seguro de saúde ou se os planos de saúde também estão incluídos e nunca é demais referir que um plano de saúde não é um seguro de saúde, são coisas distintas.

Para que as expectativas dos subscritores não saiam defraudadas, convém que se perceba a diferença entre um e outro, não quero com isto dizer que os seguros é que são bons e os planos não, ou vice-versa. O que acontece no mercado é os planos de saúde serem vistos como uma espécie de parente pobre dos seguros, e não é bem assim, mas é sempre importante que os consumidores tenham plena noção do que estão a comprar, para que serve e como deve ser usado.

Enquanto profissional de seguros não posso considerar um seguro melhor do que um plano se tiver à minha frente um candidato portador de doença crónica. Tenho sim que avaliar a situação e adequar o produto ao que o cliente precisa, que neste caso muito provavelmente seria um plano.

Não só a este nível, mas em todos, o mais importante é a adequação correta do produto e cobertura a cada cliente. Se tivermos em atenção as coberturas e capitais, muitas vezes chegamos à conclusão de os seguros são comprados em função do valor que o cliente pode pagar e não de uma verdadeira análise de necessidades. A tendência é apontar à opção mais barata e ir evoluindo em função do preço o que está completamente errado.

O procedimento mais correto será analisar necessidades sem olhar a preços e depois ir ver quanto custa, obviamente se os valores forem muito altos existe a possibilidade de ajustar a alguma opção mais em conta, mas certamente o cliente fica melhor elucidado do que está a comprar e principalmente do que tem ou gostaria de ter e não tem, por outras palavras fica com as expectativas adequadas à realidade.

O que não pode acontecer, e infelizmente acontece, é um cliente subscrever um seguro de saúde para baixar o spread do crédito habitação, sem sequer ter noção do que comprou e como o pode usar.

Também há o caso dos planos de saúde vendidos por atacado junto com a conta da luz ou com as compras do supermercado, muitas vezes anunciados como fantásticos por figuras públicas, que obviamente, estão a ser pagas para fazer publicidade. Temos que perceber que a mesma receita não serve para fazer todos os bolos e o primeiro passo é perguntar a cada pessoa quais os bolos que gosta ou precisa.

Adquirir por impulso um serviço tão importante e em alguns casos também dispendioso provavelmente deve-se ao facto de muitas pessoas estarem em situações de enorme fragilidade, muito por culpa do serviço nacional de saúde, que apesar de ter inúmeras coisas de louvar, noutras não dá resposta, nomeadamente ao nível da rapidez ainda em fase de diagnóstico.

A subscrição de uma solução de saúde seja ela um seguro ou um plano, desde que adequado à realidade de cada pessoa ou família afigura-se como uma escolha acertada na esmagadora maioria dos casos, todavia deve ser sempre compreendida como um complemento e não vista como substituição integral do Sistema Nacional de Saúde. Se forem cumpridos esses pressupostos garantidamente cada um estará melhor preparado para os imprevistos ao nível da saúde.

  • Bruno Carvalho
  • Técnico formado em 2000 no antigo Instituto de Educação Técnica de Seguros, tem escritório de mediação próprio e foi um dos co-fundadores do portal Falar Seguros

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Parentes pobres e parentes ricos na Saúde

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião