Portugal, data centers e a nova equação da eficiência energética

  • Márcia Pereira
  • 31 Julho 2025

Não podemos continuar a falar de data centers sem falar de eficiência energética e sustentabilidade. Se não otimizarmos o consumo destas infraestruturas, estaremos apenas a encobrir um outro problema.

Portugal está “no bom caminho” para se afirmar como hub digital e de Inteligência Artificial (IA) na Europa. Esta conclusão parte do mais recente estudo da Copenhagen Economics com a Start Campus, que aponta para a possibilidade dos data centers gerarem até 26 mil milhões de euros para a economia nacional e mais de 50.000 empregos em cinco anos.

Estes são valores bastante significativos para o país, deixando-o bem posicionado para a transição digital. Mas não podemos ignorar o “outro lado da moeda”, principalmente perante a atual consciência da necessidade de proteger o ambiente: o desenvolvimento da IA implica o aumento do consumo energético.

Uma simples pergunta ao Chat GPT consome entre 10 e 100 vezes mais que uma no Google, podendo ser equiparada à energia consumida por uma lâmpada de elevada eficiência acesa por alguns minutos. Os valores até podem parecer reduzidos individualmente, mas a Open AI já conta com cerca de 400 milhões de utilizadores semanais e, se cada um deles fizer apenas uma pesquisa por dia, o consumo energético é equivalente ao de um frigorífico durante quase 3.000 anos.

O “Greening Digital Companies Report 2025” da União Internacional de Telecomunicações reforça o alerta nesta matéria, indicando que o consumo de energia dos data centers aumentou 12% por ano entre 2017 e 2023, ou seja, quatro vezes mais rápido do que o crescimento global da oferta de eletricidade. Ademais, o mesmo relatório destaca que empresas líderes como a Google tiveram um aumento de cerca de 150% nas suas emissões desde 2020. Estes números demonstram-nos que não podemos continuar a falar de data centers sem falar de eficiência energética e sustentabilidade. Se não otimizarmos o consumo destas infraestruturas, estaremos apenas a encobrir um outro problema, não a resolvê-lo.

Também o Instituto de Pesquisa em Energia Elétrica divulgou que uma simples pergunta ao ChatGPT consome entre 10 e 100 vezes mais que uma no Google, podendo ser equiparada à energia consumida por uma lâmpada de elevada eficiência acesa por alguns minutos. Os valores até podem parecer reduzidos individualmente, mas a Open AI já conta com cerca de 400 milhões de utilizadores semanais e, se cada um deles fizer apenas uma pesquisa por dia, o consumo energético é equivalente ao de um frigorífico durante quase 3.000 anos.

Considerar o impacto da tecnologia em matéria de sustentabilidade é imprescindível, particularmente num país como Portugal, que já conta com vantagens competitivas claras, como energia limpa, profissionais qualificados e bom funcionamento da rede online. A IA não tem apenas um impacto positivo, pelo que deve ser gerida com consciência, responsabilidade e transparência. A conservação da natureza depende do uso inteligente da tecnologia e a tecnologia depende cada vez mais da nossa inteligência.

  • Márcia Pereira
  • Fundadora e CEO da Bandora

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