Portugal livre pela fé e razão universais
Portugal existe, foi criado e desenvolveu-se ao longo da sua História, tendo o cristianismo como suporte e como motivação. A religião cristã é uma componente essencial da nossa identidade nacional.
Na Páscoa e no Natal escrevo sempre sobre temas ou referências religiosas. São períodos únicos do ano que traduzem uma vida, o nascimento de Jesus, o Messias, e a sua Paixão, o mistério da sua morte e ressurreição. Ou seja, a essência do cristianismo.
Há, com certeza, quem não goste ou quem não queira. Acredito mesmo que isso acontece no próprio título que me publica. Possivelmente porque continuam muito imbuídos do preconceito alimentado há muitas décadas de que a religião não deve estar no espaço público porque somos uma sociedade laica ou secularizada, mas deve permanecer apenas no íntimo de cada um. Pior ainda, porque continua a vigorar a falsa ideia de que a fé e a religião se opõem ao conhecimento como uma barreira de escuridão.
Estes preconceitos são muito promovidos publicamente, mas não poderiam ser mais errados. Ser laico ou secular não nega a existência de religião nem retira a sua prática do espaço público. A frase de Jesus «Dai a César o que é de César, a Deus o que é de Deus» (Mc 12) não significa que a religião não deva ter presença pública.
A liberdade garante que o espaço público não é propriedade do laicismo e é mesmo um impedimento para as frequentes tentativas laicas de proibir a presença publica da religião. O espaço público não é exclusivo de interesses “laicizantes”. É, como o próprio nome indica, o local que se destina a ser usufruído pelas pessoas. A religião é também uma forma de fruição.
Mas não é uma forma qualquer. Mais do que garantir a livre prática religiosa em espaços públicos, a liberdade é incompatível com a ausência de uma moral religiosa. Não há liberdade sem religião, mesmo que a religião tenha sido usada algumas vezes para limitar a liberdade. A razão é simples: na ausência de Deus é o homem que se impõe. E quando um homem se impõe sem qualquer referência sobre-humana, são os outros homens que sofrem.
Todas as sociedades que pretenderam impor o ateísmo racionalista, e descartar a moral religiosa, acabaram por eliminar a liberdade. A revolução francesa mostrou bem esta incompatibilidade, assim como as suas continuadoras na comuna de Paris, na Rússia comunista, na Alemanha nacional-socialista, na China maoista, no Portugal ou na Espanha republicanas, no Cambodja dos khmer vermelhos, ou no socialismo da Coreia do Norte.
Foram épocas em que a tentativa para se criarem “novos deuses” de carne e osso demonstrou que nada é mais perigoso para a liberdade do que a ausência de uma referência da moral religiosa. Por isso a liberdade tem o seu expoente máximo nos locais onde a religião é livre.
A impossibilidade de negar a Fé torna-se ainda mais evidente perante a religião mais comum no planeta, a cristã, que representa mais de um terço da população mundial e que, acima de tudo, é a primeira fé verdadeiramente universal por estar aberta a todos.
Por aqui se vê que a Razão, por si só, não preenche todas as dimensões do ser humano. Fé e Razão não só não são opostas como se “entrelaçam” no caminho para o conhecimento, desmentindo a ideia muito propalada de que a religião é inimiga da “luz”.
A Fé — e a moral religiosa que ela incute — é uma componente da tradição metafísica, e esta, juntamente com a ciência, são as fontes em que assenta todo o conhecimento sobre a natureza fundamental da existência humana, ou seja, a filosofia.
Como referem os Livros Sapienciais «Feliz o homem que é constante na sabedoria, e que discorre com a sua inteligência; que repassa no seu coração os caminhos da sabedoria, e que penetra no conhecimento dos seus segredos; vai atrás dela como quem lhe segue o rasto, e permanece nos seus caminhos …» (Sir 14, 20-27). A Fé e a Razão possibilitam a superação do conhecimento sensorial no caminho para a descoberta da origem de toda a realidade, afirmando a capacidade metafísica do homem.
Os ateus tentam há séculos separar a Fé da Razão. O positivismo que neles impera leva-os a acharem, ingenuamente, que Deus é dispensável. É verdade que são pouco mais do que 1% da população, mas possuem uma grande capacidade de influenciar e de difundir a sua mensagem.
O que se passa na realidade é que os ateus estão como na “Alegoria da Caverna” de Platão: acomodam-se nas suas certezas mundanas e preferem ficar na escuridão em vez de verem a “luz” das fontes do conhecimento, Fé e Razão. Foi sempre assim em todas as sociedades que impuseram ditaduras laicas e “racionalistas” sob regimes socialistas. Grande parte dos homens que viveram nestes regimes aceitaram a vida mundana que ignora a metafisica e a “luz”.
Saramago tentou inverter este argumento em “A Caverna” com a alienação marxista aplicada ao consumo, contradizendo a sua própria vivência comunista assente no materialismo racionalista. E como ateu Saramago nunca quis ver a “luz”, preferiu sempre a escuridão da ditadura laica que representou quando dirigiu o Diário de Notícias.
Muitos dos que negam o universalismo religioso tentam substituí-lo por uma universalidade laica baseada na ilusão da primazia dos direitos. Mas onde há direitos para uns, há obrigações para outros. E a imposição de direitos acaba por levar à ditadura de vontades dirigida por alguns homens.
A universalidade da religião cristã constitui uma barreira para os que querem impor as suas ideias, e por isso os ateus querem afastar as religiões, e especialmente a cristã, pois esta é a que mais dificulta a sua tentativa de “forçar” a sua vontade. A nossa esperança é que a Fé seja sempre uma garantia de liberdade e um obstáculo a esta imposição.
Para além de ser uma garantia de liberdade e uma fonte de conhecimento, há ainda uma terceira razão para que se fale da religião cristã, e não só na Páscoa ou no Natal: Portugal é o que é graças ao cristianismo.
Portugal existe, foi criado e desenvolveu-se ao longo da sua História, e especialmente na sua fundação e na epopeia dos Descobrimentos, tendo o cristianismo como suporte e como motivação. A religião cristã é uma componente essencial da nossa identidade nacional.
Há quem o queira esconder ou o associe ao passado, tentando afastar um obstáculo aos seus intentos. Para isso estão dispostos a ceder em tudo, mesmo que isso signifique o desaparecimento de Portugal. Um exemplo disso é a tentativa de impor uma utopia federalista na União Europeia, que não é mais do que uma traição (“entrega de”) como a de Judas, a Portugal e aos portugueses.
Por tudo isto, temos muito para comemorar na semana da Páscoa: conhecer pela Fé e pela Razão, e viver a Paixão de Cristo como garantia de liberdade e do ser português.
Uma Santa Páscoa para todos: crentes, agnósticos e ateus!
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