Recursos Humanos estão sobrecarregados. Ainda faz sentido parar em agosto?
Em setembro, há um excesso de candidatos face às vagas disponíveis, enquanto em agosto, as vagas superam os candidatos.
O mês de setembro marca o regresso à atividade para a maioria das indústrias em Portugal, com exceção do setor do turismo e outras atividades sazonais. Este regresso reflete-se diretamente no setor de Recursos Humanos, que se vê subitamente sobrecarregado pela quantidade de vagas e candidaturas, como se o mês de agosto nunca tivesse existido. Surge, então, a questão: ainda faz sentido o panorama empresarial praticamente parar em agosto?
No passado, o mercado de trabalho em Portugal era fortemente caracterizado pela sazonalidade, com as férias concentradas nos meses de verão, especialmente em agosto. Contudo, esta realidade tem vindo a mudar nos últimos anos. A sazonalidade diminuiu, e as empresas têm adotado estratégias para manter a sua atividade e gerir os seus colaboradores de forma a reduzir o impacto desta pausa.
Com a crescente integração de Portugal na economia global, muitas multinacionais estabeleceram-se no país, e as empresas nacionais têm aumentado as suas exportações. Entre junho e agosto, essas empresas continuam a funcionar normalmente e precisam de profissionais qualificados para ocupar novas vagas, além de trabalhadores temporários para cobrir as ausências por férias.
Desde a pandemia, a economia portuguesa tem crescido a um ritmo superior ao das últimas décadas, mas isso trouxe um novo desafio: há mais ofertas de emprego do que candidatos disponíveis, e a qualidade da mão de obra nem sempre corresponde às necessidades do mercado. Este problema é estrutural e a imigração não tem sido suficiente para o resolver, agravando-se especialmente no verão.
Durante os meses de junho a agosto, as equipas de Recursos Humanos têm grande dificuldade em encontrar candidatos disponíveis para assumir novos compromissos profissionais. A maioria dos candidatos prefere esperar por setembro para iniciar a sua procura de emprego. Frequentemente, recebemos relatos de empresas multinacionais a enfrentar grandes dificuldades de recrutamento durante o verão. Isto cria um cenário curioso: em setembro, há um excesso de candidatos face às vagas disponíveis, enquanto em agosto, as vagas superam os candidatos.
Embora muitos portugueses com filhos tenham de tirar férias ou interromper a procura de emprego em agosto, nem todos têm de seguir este padrão. Muitos profissionais podem optar por tirar férias noutras alturas do ano. Não obstante, a mentalidade está a mudar lentamente: este ano, vimos um aumento no número de candidatos colocados em julho e agosto, em comparação com o mesmo período de 2023.
Os profissionais que gerem as suas férias de forma mais flexível podem encontrar projetos que se alinham melhor com a sua vida pessoal e familiar, aproveitando a menor procura por vagas no verão para aceder a melhores oportunidades. Não se trata de reduzir as férias, mas sim de promover uma maior flexibilidade na sua distribuição ao longo do ano.
Assim, as empresas em Portugal já procuram estratégias para combater a sazonalidade na sua atividade, no entanto, ainda se sente algum tipo de paralisação no verão por parte dos candidatos, o que pode comprometer a sustentabilidade e o crescimento da economia, além de reduzir a competitividade com outros mercados europeus. Para o próximo ano, como profissional de Recursos Humanos, sugiro que os candidatos considerem procurar emprego durante o verão, pois podem encontrar oportunidades de melhor qualidade e com menos concorrência. No próximo agosto, será que estaremos no escritório?
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