
RH Inteligente: oportunidades e desafios nas PMEs
De forma a aproveitarem o máximo das potencialidades da IA, é essencial que as empresas adotem uma abordagem estratégica para a sua adoção, investindo na capacitação das equipas.
A Inteligência Artificial (IA) tem vindo a transformar os diversos setores e departamentos das empresas. Os Recursos Humanos não são exceção, no entanto, sabia que mais de 50% dos líderes de RH afirmam que a tecnologia não dá resposta às suas necessidades? É o que indica o estudo “Top 5 Priorities for HR Leaders in 2025”, da Gartner, que revela ainda que mais 50% dos profissinais de RH assume ter dificuldades em medir o valor de negócio acrescentado pelos projetos de implementação tecnológica. Estes valores exigem uma reflexão, tendo em conta o importante papel da tecnologia na otimização da gestão de pessoas. O que está por trás destas estatísticas?
Em primeiro lugar, importa analisar o tecido empresarial português, composto na sua maioria por Pequenas e Médias Empresas (PMEs) responsáveis por uma parte significativa da criação de emprego no país. Muitas destas empresas enfrentam desafios estruturais, como orçamentos limitados, dificuldades na digitalização e resistência à mudança. Estas estatísticas refletem, portanto, uma combinação de fatores que dificultam a implementação eficaz da tecnologia nas empresas, nomeadamente nos departamentos de RH.
Neste contexto, a adoção de novas tecnologias, como a IA, pode ser vista como um custo elevado e um risco, em vez de uma oportunidade de crescimento. O certo é que estamos numa primeira fase desta revolução tecnológica, um momento de adoção progressiva, em que a dificuldade em medir o valor destas ferramentas pode estar justamente relacionado com a falta de conhecimento prático sobre como utilizá-las para ganhar eficiência, seja por falta de tempo para se manter atualizado, insegurança pessoal ou até mesmo pela ausência de apoio das empresas, que ainda restringem a sua utilização enquanto avaliam riscos associados.
Como resultado disso, observamos diferentes cenários: os profissionais que entendem a importância da IA, mas nunca a utilizaram ou apenas experimentaram pontualmente; outros que testaram algumas vezes, não obtiveram resultados significativos e abandonaram a ferramenta; e os que já utilizam IA, mas de forma limitada, recorrendo apenas a soluções como o ChatGPT, sem explorar todo o seu potencial. Por outro lado, é notório que as questões éticas e a segurança de dados geram receios sobre a implementação de novas ferramentas, levando alguns profissionais a observá-las com cautela. Partilhar casos de sucesso dentro da organização pode ajudar a reduzir essas preocupações, demonstrando, na prática, o impacto positivo e seguro da tecnologia.
Nos departamentos de RH, as ferramentas baseadas em IA podem agilizar a seleção de candidatos, economizando tempo na leitura e avaliação de milhares de currículos. Permitem também uma análise mais consistente e menos enviesada, garantindo que os perfis selecionados estão alinhados com os requisitos da vaga, e podem até prever a compatibilidade dos candidatos com a cultura da empresa. No entanto, a decisão final e a criação de um vínculo humano continuam a ser responsabilidades dos recrutadores. A empatia, a comunicação interpessoal e a compreensão das motivações individuais são aspetos essenciais que não podem ser substituídos por algoritmos.
Os benefícios da adoção de tecnologias baseadas em IA são claros e podem representar um salto significativo em eficiência nas empresas. A Unilever, por exemplo, adotou a IA no seu processo de recrutamento, utilizando a tecnologia para avaliar candidatos através de jogos online e entrevistas por vídeo. Como resultado, a empresa reduziu o tempo de contratação em 75% e aumentou a diversidade dos candidatos selecionados.
Ora, de forma a aproveitarem o máximo das potencialidades da IA, é essencial que as empresas adotem uma abordagem estratégica para a sua adoção, investindo na capacitação das equipas, garantindo um alinhamento claro entre tecnologia e necessidades reais e estabelecendo objetivos claros e mensuráveis para avaliar o impacto das iniciativas tecnológicas.
Posto isto, a IA deve ser vista como uma aliada nas empresas permitindo que os profissionais de RH se concentrem no que realmente importa: a construção de equipas bem-sucedidas e a valorização do talento humano.
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