Editorial

#ruiriobem

O PSD anunciou o chumbo do Orçamento para 2021. Era a única coisa responsável que Rui Rio poderia fazer depois do espetáculo a que o país assiste nas negociações entre o Governo, BE, PCP e PAN.

O PSD voltou a ser oposição. Depois de semanas sob pressão para viabilizar um orçamento do Estado negociado com o BE e o PCP, até por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, depois de ouvir António Costa a dizer que o Governo cairia se dependesse do PSD para a sua aprovação, Rui Rio fez o que tinha a fazer e, não é de somenos, no tempo certo. Se é verdade que o orçamento de um governo PSD seria muito diferente do que aquele que foi apresentado, então Rio só poderia fazer o que anunciou: Votar contra a proposta de orçamento para 2021 e responsabilizar assim António Costa e a esquerda pelo que vier a suceder nas próximas semanas do ponto de vista político e nos próximos 12 a 24 meses no domínio económico e social.

Rui Rio cultivou nos últimos dois anos a imagem de muleta de Costa. Foram vários os momentos em que se demitiu da sua , a de fazer oposição, Rio, claro, chama a isso responsabilidade, mas há outros nomes para classificar a incapacidade, por ato ou omissão, para mostrar-se uma alternativa. Alguma coisa mudou, porque Rio, desta vez, fez tudo bem. Deixou o Governo entregue ao seu próprio espetáculo de circo, com Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, e no momento certo, antes da discussão da proposta de orçamento na generalidade, pôs um ponto final na especulação. Com isso, não só se livrou da pressão que sofreria à medida que o tempo passasse, como passou a responsabilidade para Costa. Não foi o primeiro-ministro a dizer que queria governar com a esquerda, não foi Costa a fazer a cama em que se está agora a deitar!? E tira também o primeiro-ministro do centro em que estava, negociando à esquerda e à direita. De uma penada, encosta o Governo à esquerda e cria uma alternativa política.

Rio esteve bem no timing, mas também nos argumentos. Faria outro orçamento, com outras prioridades. E até conseguiu elogiar o trabalho de Pedro Passos Coelho, um reconhecimento que parece sempre que lhe custa a fazer. Criticou o Governo que neste Orçamento “colocou o consumo à frente das prioridades”, e disse que “não há um apoio significativo às empresas” neste documento. Voltou a criticar a decisão do Governo de aumentar o Salário Mínimo Nacional (SMN) em 2021, devido às dificuldades por que passam as empresas.. E deixou um presente, envenenado, às confederações patronais: Se aceitarem esse aumento, então, retira a sua oposição.

Rio fez talvez o mais claro e assertivo discurso de oposição desde que é líder do PSD. E como seria o Orçamento do PSD? Rui Rio anuncia que aliviaria “a carga fiscal das empresas, apostava na capitalização, baixava a carga fiscal da classe média, apoiava à exportação, e fazia uma distribuição socialmente mais justa da riqueza, não a torto e a direito”. É que é mesmo este o orçamento de que o país precisa.

Temos um ‘novo’ líder da oposição? É preciso esperar para ver. Mas este Rui Rio, ao contrário daquele que andou a discutir os presidentes das CCDR ou daquele que aceitou sem o mínimo sentido de exigência a mudança do presidente do Tribunal de Contas, é essencial para permitir uma alternativa política que contrarie o orçamento bloquista que está em construção e que só servirá para manter a estagnação económica que vivemos há duas décadas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

#ruiriobem

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião