Seguros Re-Inventados: como tendências tecnológicas emergentes estão a remodelar toda a indústria seguradora

  • Bruno Kakoobhai
  • 20 Janeiro 2022

Bruno Kakoobhai, Senior Manager da Accenture Portugal, interroga-se sobre a velocidade com que o mercado nacional vai conseguir acompanhar três grandes focos de disrupção na indústria seguradora.

Se a tecnologia reformulou o mundo nos últimos anos, com grande ênfase durante o prolongar da pandemia, a verdade é que se tornou parte integrante do setor financeiro com o boom das fintechs – empresas de tecnologia financeira. As insurtechs em particular (não tão amplamente divulgadas), têm vindo a reinventar o negócio tradicional dos seguros, ao apostarem em tecnologias emergentes que criam propostas de valor inovadoras.

Nomeadamente, os temas de big data, inteligência artificial (IA) e machine learning têm ajudado as seguradoras a gerir melhor os riscos, ao mesmo tempo que criam produtos de seguro personalizados com preços mais justos e disponíveis para mais consumidores. Queria aqui destacar três das principais tendências tecnológicas que poderão ter impacto no sector nacional já a partir deste ano.

A Inteligência artificial que começa agora a ser utilizada para criar apólices mais ‘inteligentes’. À medida que o armazenamento de dados se torna mais barato, e com a ascensão do big data, as seguradoras têm a capacidade de extrair melhores insights, tornar os processos de negócio mais eficientes e criar apólices mais ‘inteligentes’: como conseguem avaliar melhor o risco de um indivíduo, também conseguem criar apólices com preços mais justos.

Nos Estados Unidos, a Lemonade é provavelmente o exemplo de maior sucesso de novos players que recentemente entraram em bolsa. Ao basear-se quase inteiramente no uso de big data e IA no back-end, consegue analisar rapidamente o risco, subscrever apólices e lidar com sinistros. Da mesma forma, aproveitando a IA, é capaz de atrair uma geração mais jovem, com experiências mais personalizadas à jornada mobile.

Outra tendência para os próximos anos será a definição de políticas de preços com base no comportamento, e não na demografia, ou seja, utilização da telemática para definir políticas de preços. Nos Estados Unidos, a Progressive e a Root são pioneiras no uso da telemática, recorrendo aos próprios smartphones dos clientes para, através do magnetómetro, acelerómetro, giroscópio e outros sensores do equipamento, detetarem comportamentos de condução e basearem nisso a sua política de preços.

A possibilidade de maximizar o pricing através de machine learning nos dados telemáticos recolhidos da utilização dos clientes torna-se um modelo de negócio bastante apetecível também para o nosso mercado.

Por fim, a criação de produtos personalizáveis. A cobertura com base no uso é um tipo de produto de seguro que cresceu em popularidade nos últimos anos. De acordo com um estudo da TransUnion, 61% dos condutores dizem que permitiriam que a sua seguradora recolhesse dados em tempo real sobre hábitos de condução e quilómetros realizados, se isso pudesse reduzir os prémios. Tendo em consideração a queda abrupta de viagens e commute no último ano, não é de admirar que a curto prazo as seguradoras portuguesas também adiram a esta tendência e que muitos novos clientes prefiram este tipo de coberturas personalizadas.

Estes exemplos, e muitos outros, tornam clara a ideia de que as seguradoras que se coloquem numa posição pioneira e progressiva, que aproveitem esta altura para não apenas aderir à ’transformação digital’ mas também para ultrapassar os limites da inovação, no sentido de proporcionar a melhor experiência e produtos possíveis aos clientes, vão estar ahead of the curve e com maior potencial de aumentarem o seu market share em relação à concorrência.

Nos próximos anos, enquanto o setor passa por uma transformação massiva, a questão que se coloca é: com que velocidade o mercado nacional vai conseguir acompanhar esta disrupção?

  • Bruno Kakoobhai
  • Senior Manager da Accenture Portugal

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