Tecnologia é o melhor seguro para enfrentar ameaças de fraude

  • Alexandre Ramos
  • 6 Julho 2023

Alexandre Ramos, Chief Information Officer (CIO) da Liberty na Europa, quer a tecnologia e colaboração entre seguradoras para combater a fraude nos seguros.

A digitalização dos processos trouxe um aumento da eficiência e da produtividade, bem como a melhoria da experiência do cliente, a empresas de todos os setores. Como sabemos, o proveito que tiramos das mais-valias da tecnologia depende de cada um de nós e, enquanto, por um lado, é uma arma poderosa contra ameaças, é também uma ferramenta para as concretizar.

A tecnologia veio aumentar o risco de fraude e o setor segurador não escapa a este cenário. De acordo com a Associação Portuguesa de Seguradoras, 18% dos sinistros têm indicações de fraude. Para o combate a este problema que cresceu 20% desde 2021, e que também prejudica os clientes, é importante que as seguradoras continuem a adotar medidas de proteção dos seus clientes e dados e a tecnologia é a melhor aliada.

A fraude é complexa e as fontes de geração são diversas, e vão desde a subscrição ao momento da reclamação. A deturpação da informação fornecida, uma apólice contratada após um incidente ter acontecido, danos fictícios ou autoinfligidos e a exploração de “zonas cinzentas” em condições políticas adversas são alguns dos exemplos a que as seguradoras devem estar atentas, não esquecendo que existem também casos de fraude inocente, que são gerados por processo menos robustos que resultam em incoerências e que podem causar o dito “lekeage”.

A identificação e prevenção, assim como a rapidez, são chaves determinantes para reduzir estas ameaças e as perdas financeiras, e proteger os interesses dos “honestos segurados” e a reputação das seguradoras.

Para conseguirmos atingir, cada vez mais, o nível esperado de combate à fraude, é necessário termos em conta o poder de uma base de dados completa e de qualidade, não só com histórico de clientes, mas também com informações sobre sinistros ou transações financeiras seguindo obviamente regras firmes de política de retenção de dados. As respostas que nos são dadas como resultado de uma profunda, mas em tempo real, análise destes dados permitem identificar padrões de comportamento e indicadores reveladores de tentativas de fraude. Através deles, podemos ainda desvendar relações mais perigosas entre segurados e entidades que contribuam para fraude, como o caso de declarações falsas ou agravamento de consequências de acidentes. Por outro lado, a nova realidade tecnológica, globalização e a interação com clientes do mundo aumenta a necessidade de vigilância e controlo. Cada vez mais uma boa governação de dados e da sua qualidade, uma framework forte de controlos aliado a uma forte gestão de riscos, potenciais ou emergentes, permite diminuir o risco de fraude.

Mas é impossível falar de tecnologia e de análise de dados, e não apontar o papel essencial da Inteligência Artificial na automatização e desenvolvimento de processos mais sofisticados de deteção e resposta à fraude, tendo por base esses mesmo dados. Através desta conseguimos não só afinar os nossos alertas e identificar de forma rápida comportamentos de risco, mas também garantir que estamos preparados para atuar e enfrentar uma tentativa de fraude.

Neste setor, a tecnologia permite ainda benefícios no que diz respeito ao trabalho conjunto e colaborativo entre seguradoras, fortalecendo o trabalho de todas e permitindo que estejam alerta para todos os sinais de risco.

Ainda assim, é importante que não nos esqueçamos de olhar para a tecnologia como uma ferramenta de apoio ao trabalho das pessoas. O futuro não passa por substituir o papel humano, mas sim dar aos colaboradores ferramentas cada vez mais poderosas para apoiar ao seu trabalho e para responderem da melhor forma a ameaças. Até porque, como sabemos, qualquer fraude tem por detrás uma má índole humana.

No fundo, a tecnologia existe, e está em constante desenvolvimento, e o risco maior é não a conseguir acompanhar. O principal objetivo do investimento em ferramentas tecnológicas passa por melhorar o dia-a-dia e garantir rentabilidade e eficiência operacional. No setor segurador, isto ganha uma importância especial, uma vez que os produtos são direcionados à proteção de pessoas individuais e coletivas.

  • Alexandre Ramos
  • Chief Information Officer (CIO) da Liberty na Europa

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