Transformação digital: herói ou vilão?

  • Filipa David
  • 26 Março 2024

Investir em educação e capacitação, promover uma cultura de inovação e colaboração, e valorizar as habilidades humanas são medidas essenciais para garantir a sustentabilidade do emprego.

Num mundo instável, ambíguo, frágil, incerto e ansioso, a inteligência artificial (IA) e a automatização oferecem oportunidades sem precedentes e também alguns desafios. A IA promete transformar a forma como as organizações operam e as equipas desempenham as suas funções, quer seja pela automatização de tarefas repetitivas, quer seja pelo aumento da eficiência das operações, quer seja pelo consequente aumento da produtividade e, em alguns casos, da qualidade do trabalho.

Na área de recursos humanos, a IA registou um impacto positivo na otimização de processos de recrutamento, formação profissional e desenvolvimento contínuo das equipas, tornando as empresas mais eficientes e competitivas.

Se, por um lado, tem o potencial de criar novas oportunidades de emprego e melhorar a produtividade e qualidade do trabalho, por outro levanta preocupações sobre o impacto que terá nas tarefas atualmente executadas.

O ser humano tem mais dificuldade em lidar com o desconhecido. É por isso importante que as organizações retirem da equação as inseguranças, explicando às suas equipas o porquê e o para quê da implementação. É fundamental que exista diálogo com as partes interessadas, diminuindo assim a ansiedade e o medo que qualquer processo de mudança pode gerar.

É necessário fazer um caminho que permita uma adaptação gradual, consciente e equilibrada, de forma a preparar as organizações e as equipas para esta transformação. Isso garantirá que todos possam beneficiar dos avanços tecnológicos e minimizará os eventuais impactos negativos no mercado de trabalho.

A formação é fundamental como ferramenta de uma estratégia adaptativa, ao dotar as equipas de novos conhecimentos e novas competências para executar as atuais tarefas (upskill) e, em alguns casos, de novas competências que lhes permitam executar outras tarefas (reskill). É essencial definir a matriz de competências atual e futura para que se possam delinear planos de formação adequados às estratégias definidas pelas organizações, no que diz respeito a esta transformação.

A valorização de profissionais com capacidade de adaptação, criatividade e habilidades sociais, aliada ao desenvolvimento de novas competências tecnológicas, pode contribuir para a construção de um ambiente de trabalho mais inovador e dinâmico.

Além disso, a IA pode ser uma aliada na promoção da felicidade no trabalho, contribuindo para a melhoria do bem-estar dos colaboradores. Com a automatização de tarefas rotineiras, os trabalhadores podem ter mais tempo e energia para se dedicarem a atividades mais significativas e gratificantes, favorecendo a sua realização pessoal e profissional.

Investir em educação e capacitação, promover uma cultura de inovação e colaboração, e valorizar as habilidades humanas são medidas essenciais para garantir a sustentabilidade do emprego e a felicidade no ambiente de trabalho.

É preciso encarar a inteligência artificial não como uma ameaça, mas como uma oportunidade para repensar o mundo do trabalho, promover a diversidade de habilidades e competências, e construir um ambiente mais humano e inclusivo. A integração da IA de forma ética e responsável pode contribuir para a construção de um futuro do trabalho mais equitativo, justo e feliz.

  • Filipa David
  • Diretora da felicidade e recursos humanos da Água Monchique

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