Imperial responde à pandemia com aumento de 30% da produção de tabletes de chocolate

A Imperial acaba de investir três milhões para aumentar em 30% a capacidade produtiva de tabletes de chocolates, o maior segmento do mercado de chocolates a nível mundial.

A Imperial nasceu em 1932 no centro histórico de Vila de Conde pela mão de Manuel Dias da Silva e passados 88 anos é a maior fabricante de chocolates a nível nacional. É detentora de marcas como a Regina, Jubileu, Pintarolas e Pantagruel, exporta para mais de 50 países nos cinco continentes e produz cerca de seis mil toneladas de chocolate por ano.

É a aposta em meios tecnológicos de ultima geração que tem permitido à Imperial inovar e singrar ao longo de quase um século de história. A fábrica funciona 24 horas por dia e as máquinas nunca param de transformar o cacau oriundo de Uganda e Costa do Marfim em chocolate de diversos sabores e formatos. Do princípio ao fim, todo o processo é automatizado. Desde a requisição das matérias-primas, a manteiga de cacau, o licor de cacau, o açúcar, o leite em pó até ao processo de abalamento.

Mesmo num ano marcado pela pandemia da Covid-19, a Imperial continua focada em expandir e chegar a mais mercados e acabou de fazer um investimento de três milhões de euros para aumentar em 30% a capacidade produtiva daquele que é o maior segmento do mercado de chocolates a nível mundial, as tabletes de chocolate. Este investimento centra-se numa nova unidade de produção direcionada à moldação e embalamento de tabletes de chocolate. A Imperial conta com três unidades de produção.

“Na última década investimos cerca de 20 milhões de euros em novos meios tecnológicos e infraestruturas. Hoje a empresa está dotada de meios tecnólogos de última geração que nos tem permitido responder ao nosso plano de expansão”, explica ao ECO a CEO da Imperial Manuela Tavares de Sousa. Realçando ainda que “mesmo em plena pandemia” mantiveram “este investimento de três milhões que veio reforçar a visão estratégica da Imperial no sentido de manter o plano ambicioso de crescimento para o próximo triénio, não obstante a forte contração da economia a nível mundial fruto da Covid-19”.

Ao contrário da grande maioria das empresas, a pandemia não afetou a Imperial, pelo contrário a empresa registou um crescimento de cerca de 5% em comparação com o período homólogo. É caso para dizer que com neste cenário pandémico o chocolate foi um refúgio. A CEO concorda e lembra que “o chocolate é um dos produtos mundialmente mais apreciados, dá uma sensação de prazer, é um antioxidante natural e previne acidentes cardiovasculares”.

A encarregada da unidade três, Rute Bento, brinca sublinhando ao ECO que “o chocolate anima, aquece a alma e acalma a depressão”. Há 13 anos na Imperial, é responsável por cerca de 40 pessoas e confessa que já não fica com água na boca com as toneladas de chocolate que passam diariamente à sua frente. Já nem sente o cheiro a chocolate e que só prova quando é uma novidade.

A pandemia da Covid-19 veio alterar os hábitos de consumo dos apreciadores de chocolate a nível mundial. Se no ano passado a Imperial cresceu sobretudo no segmento dos bombons e frutos secos cobertos de chocolate, este ano, a Imperial registou maior procura por tabletes de chocolate e produtos de culinária.“Este ano vai ficar marcado por uma evolução completamente distinta do ano anterior. Em 2020 registamos um crescimento muito grande nas tabletes de chocolate para consumo familiar ou produtos para culinária em geral”, diz a CEO da Imperial. Um reflexo do confinamento a que as famílias portuguesas têm sido submetidas para evitar a expansão do coronavírus.

Perante a pandemia, a CEO da Imperial prevê que o segmento dos bombons seja brutalmente afetado, tendo em conta o novo estado de emergência e as medidas de restrições. “Estas medidas que estão impostas não permitem a realização de eventos, logo vamos assistir a uma redução expressiva do chamado produto para oferta, o segmento dos bombons, porque não existe essa necessidade. Este será um dos segmentos mais afetados no mercado dos chocolates”, vaticina.

Fábrica de chocolates Imperial - 18NOV20
Ricardo Castelo

Tabletes de chocolate de puro cacau, chocolate de leite, tabletes com pera, morango, ananás, laranja, maracujá, com amêndoas, avelas, passas ou até cereais crocantes. A lista é longa e não acaba por aqui. A imperial produz chocolate para miúdos e graúdos, para todos os gostos, estilos e tendências. Manuela Tavares de Sousa destaca que um dos segredos é “saber antecipar as tendências do mercado e conseguir traduzir isso em produtos vocacionados para ter sucesso”.

Inovar, um dos segredos do negócio

A Imperial foi fundada por Manuel Dias da Silva que viajou até ao Brasil e regressou com uma nova fórmula de chocolate. Com a receita em mãos e o apoio do seu irmão, Libório Ferreira da Silva, e de um amigo, Abel Salazar, concretizaram o sonho de erguer uma fábrica em Portugal só dedicada ao chocolate. Um sonho que ainda hoje é realidade. Mas para resistir a 88 anos de história a empresa teve de apostar na inovação e na criação de novos produtos.

Foi através da aposta em tecnologia de ponta que se traduz em produtos inovadores que a Imperial se tornou no maior fabricante de chocolate em território nacional. Para a CEO, qualidade, inovação e competitividade são os ingredientes do sucesso. “Não conseguimos inovar sem ter meios tecnológicos de última geração. Para conseguirmos fazer produtos absolutamente diferenciadores no mercado temos que ter meios tecnológicos avançados”, conta Manuela Tavares de Sousa.

Fábrica de chocolates Imperial - 18NOV20
Ricardo Castelo

A CEO, que dedicou todo o ser percurso profissional à Imperial, dá o exemplo da Covid-19 e lembra que face ao cenário pandémico os consumidores procuraram produtos mais baratos, logo existiu uma preocupação por parte da empresa em apostar em “formatos mais económicos para os consumidores”, sem nunca esquecer a inovação.

Manuela Tavares de Sousa refere que “o consumidor valoriza os clássicos da marca, mas sente sempre muita necessidade de experimentar novidades”. Conta que, segundo um estudo da Nielsen, “67% dos consumidores europeus continuam a valorizar experimentar novidades mesmo em clima de pandemia e que as empresas só têm uma forma de manter os consumidores fiéis às suas marcas que é a capacidade de perceberem que é necessário inovar e apresentar propostas diferenciadoras”.

Imperial aposta em gamas mais saudáveis

Aliado à inovação, a Imperial tem vindo a apostar em linhas mais saudáveis e criou uma gama de chocolates com alto conteúdo em cacau (99% e 100%) das marcas Jubileu e Pantagruel. Com a marca Regina foi lançado recentemente o chocolate “Regina Protein”, que tem a particularidade de ter alto teor em proteína. Sob a mesma marca Regina também foi lançado há dois meses um chocolate com 30% de redução de açúcar. “Usamos cada vez mais produtos orgânicos, vegan, frutas e produtos sem glúten. São produtos que se enquadram dentro conceito saudável”, evidencia Manuela Tavares de Sousa.

A CEO levanta a ponta do véu e destaca que, atualmente, existem quatro grandes tendências no mercado do chocolate: a saúde e o bem-estar, a conveniência, os formatos económicos e a portugalidade. “Dentro da saúde e bem-estar o chocolate é algo que se enquadra muito bem e tem benefícios funcionais que estão dentro de um conceito saudável”.

Para além da procura por produtos mais saudáveis, Manuela Tavares de Sousa evidencia que, em momentos de crise, assiste-se ao “fenómeno da portugalidade“. “Os consumidores procuram produtos de origem nacionais. Grande parte dos consumidores está disponível a pagar mais por produtos que são portugueses”, realça.

Imperial lança novos produtos com foco no Natal

A Imperial já está a preparar a época do Natal e vai lançar, muito em breve, um novo produto que consiste em pepitas da Pantagruel 100% cacau. “É o primeiro produto sob a forma de pepitas. É um formato de conveniência porque é muito mais fácil de utilizar na confeção de sobremesas ou até para misturar com iogurte ou até mesmo num snack rápido. É um produto que se enquadra bem no conceito saudável porque é 100% cacau”, diz Manuela Tavares de Sousa.

A CEO da empresa, que emprega 221 colaboradores, conta que as novidades não ficam por aqui e vão lançar ainda o produto “Mini Chefe Pintarolas” em conjunto com a Ambar. As Pintarolas vão ser vendidas juntamente com um livro de receitas e utensílios de cozinha. “Uma forma de aliar o chocolate e um brinquedo a uma experiência sensorial, lúdica e didática. Neste enquadramento de pandemia é importante fomentar este tipo de atividades como a culinária”, refere.

O crescimento do volume de negócios da empresa ainda depende das vendas de Natal. “Neste momento estamos a conseguir manter o volume de negócios idêntico ao ano anterior, mas temos pela frente duas campanhas muito importantes: a do Natal e a da Pascoa”, afirma.

40 anos depois, Pintarolas continua a ser marca líder no mercado

Para alcançar outro público-alvo, os mais miúdos, a Imperial lançou em 1980 a marca Pintarolas. Atualmente é líder no mercado neste segmento e são produzidas mais de mil toneladas de Pintarolas por ano. É caso para dizer que as pequenas drageias de chocolate continuam a encantar gerações atrás de gerações de crianças. A CEO brica e diz que “as crianças não comem Pintarolas, bebem-nas”.

Face ao aumento da procura das Pintarolas, a Imperial investiu em 2017 cerca de seis milhões de euros numa unidade para aumentar a capacidade produtiva de drageias, em particular de Pintarolas. Este investimento dotou a empresa de meios tecnológicos de última geração que lhe permitiram o desenvolvimento e fabrico de produtos diferenciadores, para além de ter aumentado a capacidade de produção de forma a responder ao plano de expansão, tanto a nível nacional como internacional.

“A marca Pintarolas já regista um aumento muito expressivo do volume de negócios porque para além de ser líder no mercado em Portugal tem uma posição de grande destaque em Espanha e outros mercados onde está presente”, adianta a CEO da empresa.

Para conseguir lançar as marcas que hoje são líderes no mercado a empresa mudou, em 1963, para as atuais instalações e passados dez anos foi adquirida pelo grupo RAR que fez investimentos significativos que levaram a um aumento da capacidade produtiva e à criação de marcas que atingiram um elevado nível de notoriedade no mercado português de chocolates.

A CEO explica que a partir desse momento “começou todo um investimento em meios tecnológicos que permitiu à Imperial lançar, entre 1978 e 1982, todas as marcas que a empresa hoje tem: Pintarolas, Allegro, Jubileu, Pantagruel. Já nessa altura eram marcas líderes no mercado e mantiveram-se com a mesma força até aos dias de hoje”, conta com orgulho Manuela Tavares de Sousa.

Outro dos marcos importantes na história da empresa foi a aquisição da marca Regina em 2002 que já existe desde 1927. Manuela Tavares de Sousa conta com um brilho nos olhos que a Regina é uma marca icónica que faz parte da memória coletiva dos portugueses. “É uma marca que acompanhou dezenas de gerações e que têm uma gama de produtos muito diversificada”, afirma. Conta ainda que vários estudos apontavam que “o reconhecimento espontâneo da marca era quase 100% e que os consumidores evidenciavam uma grande saudade em relação ao facto de a marca já não existir no mercado”.

Fábrica de chocolates Imperial - 18NOV20
Manuela Tavares Sousa, CEO da Imperial Ricardo Castelo

“Quando a Imperial adquiriu a Regina a marca já não estava no mercado há seis anos e a Imperial decidiu relançar a marca na Pascoa de 2002 com a gama de produto das amêndoas cobertas com chocolate, que é o produto ex-líbris da Páscoa. Foi muito curioso ver os consumidores, de forma geral, aderirem de uma forma extraordinária àquela gama de produtos”, relembra a CEO. Em tom de curiosidade, Regina em latim e italiano significa rainha.

Há cinco anos, a Imperial foi adquirida pelo fundo Vallis Sustainable Investments I. Atualmente, o chocolate da Regina chega aos cinco continentes e a empresa conta com um volume de negócios de 33 milhões de euros. Mas é na Europa que os chocolates da Imperial são mais apreciados, principalmente Espanha, seguido de países da América Latina e mercado asiático, nomeadamente o Japão.

Para além de toda a inovação aliada à tecnologia de ponta, o gosto pelo trabalho faz todo a diferença e quem o diz é Fernanda Azevedo, encarregada da unidade dois da Imperial. “Os produtos são de qualidade, mas também temos gosto naquilo que fazemos e isso faz diferença e passa para o chocolate que produzimos”, conta a funcionária com 13 anos de casa.

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