Em Espanha o “short renting” é mal visto. E por cá?

  • Ana Luísa Alves
  • 23 Janeiro 2017

As plataformas de alojamento local continuam a dar que falar em Espanha. Grandes grupos hoteleiros estão contra e falam de concorrência desleal. Em Portugal, a atividade também gera polémica.

Os diretores de cadeias hoteleiras espanholas acusam a Airbnb de concorrência desleal e exigem uma regulação e controlo apertado por parte das autoridades espanholas sobre as plataformas de arrendamento de apartamentos de uso turístico.

O aumento dos arrendamentos turísticos não é só um fenómeno que afeta as cidades como Barcelona, refere a Associação Empresarial Hoteleira de Madrid (AEHM). “Em Madrid, detetou-se um crescimento espetacular que passou de 10 mil arrendamentos a 20 mil arrendamentos e de 37 mil a 74 mil camas, a grande maioria sem estar registado”, assinala o presidente Gabriel García, ao espanhol Expansión. “Trata-se de uma competência desleal para o setor que se deve evitar”, acrescenta.

Gabriel Escarrer, vice-presidente da Associação, também se mostra aborrecido com a situação. “Há uma falta de regulação na chamada economia colaborativa”, explica. Estas plataformas têm de “cumprir com certas medidas no que toca ao combate dos incêndios, segurança e higiene, o que representa um curso de 18 euros por apartamento”, acrescentou Escarrer .

O diretor da cadeia de hotéis Palladium, Abel Matutes Prats, sabe também que “não se pode ir contra as tendências”, mas refere que “é injusto que exista uma regulação excessiva para os hoteleiros e uma falta total de regulação, tanto fiscal como normativa, para as demais plataformas”.

Fontes próximas da Airbnb, citadas pelo espanhol Expansión, asseguram que não se opõem a uma regulação, mas pedem que esta “permita que as pessoas possam partilhar a sua própria casa”, e acrescentam que “a lei atual favorece os operadores profissionais e prejudica as pessoas e famílias de classe média que querem partilhar a sua residência habitual”.

“A economia colaborativa precisa de uma lei clara e a Airbnb sempre se mostrou disposta a trabalhar par atingir as melhores soluções”, acrescentaram as mesmas fontes.

Esta não é a primeira vez que em Espanha são atacadas as plataformas de short-renting: já em novembro tinham sido apresentadas queixas contra plataformas como a Airbnb e a HomeAway, multada cada uma em 600 mil euros, por arrendarem apartamentos de curto prazo para turistas sem licença.

E por cá?

Por cá, as plataformas como a Airbnb também geram polémica, ainda que não seja consensual. O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, considerou, em entrevista ao Jornal de Negócios na semana passada, que o alojamento local é uma atividade forte, o que dá visibilidade a Portugal e “é muito positivo para todos os outros setores, inclusive para os hoteleiros”.

Em dezembro foi elaborado um manual de boas práticas para evitar “uma guerra desnecessária” com os condomínios, elaborado pela Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP). Eduardo Miranda, presidente da ALEP exemplificou à Lusa a necessidade de haver comunicação prévia ao “condomínio e vizinhos que a unidade está registada como Alojamento Local (AL) e explicar o que é o AL e como funciona”.

O alojamento local tem um peso cada vez maior em Portugal e contribuiu para a requalificação das cidades. Segundo o estudo “Alojamento Local – Qual o Fenómeno?”, encomendado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) às faculdades de Direito e de Economia da Universidade Nova de Lisboa, na freguesia lisboeta de Santa Maria Maior 22% das casas existentes nesta freguesia estão registadas no Airbnb.

Ainda assim, já houve também momentos de discórdia. Em novembro passado, a Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP) acusou a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) de propor uma “quase aniquilação da concorrência”.

Em causa estava a proposta de “unanimidade do condomínio para que um novo alojamento se instale na modalidade de apartamentos”, referiu na altura Eduardo Miranda, presidente da ALEP, à agência Lusa. “É uma proposta de quase aniquilação da concorrência porque coloca em causa um setor que está a trazer um grande impacto positivo na economia local e na reabilitação urbana ao pedir a aprovação do condomínio”, acrescentou.

Há ainda movimentos públicos, como petições que pedem limites ao alojamento local, para evitar o aumento descontrolado das rendas.

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