Rios Amorim: “EUA são o nosso mercado com maior potencial de crescimento”

Rios Amorim, presidente da Corticeira, elenca maiores ambições do setor. Aposta em aplicações da cortiça, sem descurar produtos tradicionais, e o investimento na irrigação do sobreiro são prioridade.

Os Estados Unidos destronaram a França, assumindo a liderança do setor corticeiro em matéria de exportações. O mercado norte-americano, segundo dados de 2015 (os últimos divulgados), tem um peso de praticamente 20%, o equivalente a 177,8 milhões de euros. Os desafios do setor vão no sentido de conseguir ganhar maior peso num mercado que devido à sua dimensão deixa antever grandes possibilidades, mas poderá o efeito Trump afetar a indústria da cortiça?

António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim, a maior empresa do setor, em declarações ao ECO, diz que “os Estados Unidos são e vão continuar a ser o nosso mercado com maior potencial de crescimento“.

Para Rios Amorim, “o setor é tão pequeno num mercado tão grande e com tanto potencial, com tantas coisas para fazer e tantas parcerias, que penso que esses efeitos macroeconómicos não irão refletir-se na indústria da cortiça”. A não ser, acrescenta, que “existam grandes mudanças de política cambial do dólar versus o euro”.

Para Rios Amorim “esta é a realidade e o que o setor tem de fazer é adaptar-se e estar preparado para crescer nos Estados Unidos pese embora todas as vicissitudes. Quer os Estados Unidos, quer a França são mercados muito importantes para o setor, mas temos que continuar a batalhar, na procura de novas geografias”.

As três grandes ambições do setor

Rios Amorim, que já presidiu à Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), é um conhecedor exímio do setor. Para António Amorim, o setor “está claramente em crescendo” e elenca as principais ambições que a cortiça tem pela frente.

  • Melhorar a performance das rolhas

O presidente da Corticeira defende que o setor tem de “continuar a investir em investigação e desenvolvimento tendo em conta a fiabilidade das aplicações tradicionais”. “As rolhas têm um peso de cerca de 60% em valor nas contas da cortiça e têm de continuar a ser um produto cada vez mais bem visto do mundo dos vinhos”.

  • Continuar a apostar nas novas aplicações

A indústria da cortiça é hoje um dos setores industriais mais inovadores e avançados. O setor tem apostado em I&D e o resultado é visível na diversidade de novas aplicações que vão surgindo, desde a arquitetura ao desgin, passando pelos equipamentos desportivos, a materiais de alta tecnologia para a indústria aeroespacial, a polímeros compostos para a industria automóvel, sem esquecer a área da energia.

Rios Amorim diz que “as novas aplicações acrescentam valor à cortiça e essa é uma aposta que se tem de continuar a fazer”. E acrescenta: “A cortiça precisa de incorporar mais valor e isso é benéfico para toda a fileira“.

  • Prosseguir com a inovação nas práticas florestais nomeadamente na irrigação de sobreiros

A Corticeira Amorim, em parceria com dez produtores florestais, tem em curso um projeto de plantação de 500 hectares de montado de regadio. A ideia é que a primeira extração de cortiça, que demora cerca de 25 anos, se possa fazer num período entre oito a 10 anos.

Rios Amorim diz que “esta é uma realidade que já está provada, há estudos e trabalhos desenvolvidos pela Universidade de Évora. Mas agora é importante continuar a apostar numa política florestal que tenha em conta o sobreiro, onde de resto somos líderes“.

O presidente da corticeira lembra que a ideia não é encurtar o ciclo produtivo do sobreiro, mas sim reduzir o ciclo inicial da primeira extração que é a de pior qualidade.

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