Revista Monocle destaca Portugal, a nação que soube dar a volta por cima
A mais recente edição da revista britânica Monocle, que assinala uma década em março, inclui um caderno de 64 páginas totalmente dedicado a Portugal e aos portugueses.
A Monocle completa dez anos no próximo mês, mas quem recebe a prenda é… Portugal. A última edição inclui um caderno de 64 páginas com um apanhado completamente transversal de artigos sobre Portugal na área dos negócios, cultura, design, entretenimento, moda e produtos. Tem mesmo entrevistas a António Costa e a Marcelo Rebelo de Sousa, bem como a diretores de jornais portugueses e por aí em diante. “Quisemos regressar à nação que tem sido um foco chave no nosso trabalho de reportagem ao longo da última década”, justifica a revista britânica.
A redação recorda as dificuldades que Portugal passou na crise financeira de 2008, mas indica que os portugueses souberam dar a volta à situação. O país está, agora, “no meio de algo notável”. “Hoje, a atmosfera no país é otimista. Isso acontece porque o país manteve o comércio tradicional em crescimento (do fabrico de calçado à produção de cortiça) ao mesmo tempo que apostou na tecnologia, na energia e na mobilidade”, lê-se.
Portugal está a meio de algo notável. Esta nação de 10,3 milhões de pessoas foi duramente afetada pela crise de 2008, mas hoje a atmosfera no país é otimista.
O certo é que, no miolo do caderno, há muito por explorar. Até para um português. Das livrarias mais famosas do país — Lello, a Monocle está de olho em ti — às bicicletas Órbita que ainda se constroem em Águeda, não fica praticamente nada para trás, ficando a ideia de um Portugal que se apresenta ao mundo com ar fresco e jovial, sem renunciar à tradição e ao que outrora o fez grande.
A Monocle não esquece ainda outros elementos chave como o vinho e a gastronomia, destacando uma entrevista de mesa farta aos chefs José Avillez, Miguel Castro e Silva e Ana Moura, bem como a Jorge Filipe Raiado, da marca de sal portuguesa Salmarim. Além da lagosta com arroz, do porco ibérico e do vinho do Porto, em cima da mesa esteve a pergunta: como dar a conhecer lá fora a gastronomia lusitana.
Fica assim provada a relação saudável da revista com Portugal, num trabalho extensivo que muito provavelmente fará soar campainhas no Reino Unido e um pouco por todo o mundo. No bom sentido, claro. Porque se o país já se vê a braços com um boom no turismo e no empreendedorismo, uma exposição mediática desta natureza só pode acentuar ainda mais o fenómeno. Do Porto ao Algarve, passando pela capital.
Nem que seja só pelo título Time to Invest in Portugal [“É tempo de investir em Portugal”, em português], que surge em letras garrafais numa das páginas. É um dos muitos anúncios publicitários que vão polvilhando este trabalho da Monocle, onde se destacam nomes como a AICEP, a EDP, Turismo de Lisboa, Compete 2020, entre outros.
Resta falar das entrevistas aos líderes. Começando pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que explicou como, em Portugal, não parece haver movimentos populistas, ao contrário do resto da Europa e Estados Unidos. “Temos partidos fortes. Por exemplo, o Partido Comunista renovou-se e atraiu uma geração jovem, mesmo sendo bastante antigo e ortodoxo”, indicou. Do ponto de vista económico, Marcelo defendeu que “aos poucos, começamos a ver crescimento e a assistir ao facto de as gerações mais novas terem descoberto que, em vez de irem para grandes ou médias companhias, podem criar as suas próprias microempresas”, disse.
"Temos partidos fortes. Por exemplo, o Partido Comunista renovou-se e atraiu uma geração jovem, mesmo sendo bastante antigo e ortodoxo.”
Quanto ao ao primeiro-ministro António Costa, apresentou dados animadores sobre a economia (“Ainda só temos dados do primeiro trimestre do ano passado, mas o investimento privado cresceu em 7%”, rematou) e falou de como tem conseguido sustentar a aliança da esquerda política: “Em Portugal tínhamos um sistema assimétrico onde a direita conseguiu unir-se e a esquerda estava sempre dividida. Nessa altura, ou tínhamos todos contra todos outra vez, ou podíamos encontrar uma solução”, argumentou, reconhecendo que “há grandes diferenças entre o Partido Socialista e os seus parceiros [PCP, BE e PEV] no Parlamento”.
"Ainda só temos dados do primeiro trimestre do ano passado, mas o investimento privado cresceu em 7%.”
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