Juros acima dos 4% após leilão de dívida

A taxa de juro da dívida soberana nacional a dez anos mantinha-se acima da fasquia psicológica dos 4%, após o leilão de dívida ter custado mais a Portugal.

Os juros da dívida soberana europeia continuavam em alta na sessão desta quarta-feira, com Portugal em destaque. A yield lusa no prazo a dez anos é das que mais agrava no mercado europeu de dívida, mantendo-se negociar acima da barreira psicológica dos 4%. Um movimento que ocorre após Tesouro português ter visto os custos de financiamento agravarem-se no leilão de dívida a nove anos.

Nesse prazo, a yield lusa avança três pontos base, para os 4,004%. Entre os restantes países periféricos, a tendência também é de subida, com a taxa a dez anos espanhola a subir 4,7 pontos base, para os 1,786%, e a italiana a agravar 6,9 pontos base, para os 2,261%. Também as bunds alemãs seguem em alta, com a yield a dez anos a subir 3,1 pontos base, até aos 0,35%.

O agravamento dos juros nacionais acontece depois de o Tesouro português ter levantado esta quarta-feira 1.112 milhões de euros em dívida de longo prazo, tendo pago mais por isso. No leilão com maturidade a nove anos, o custo de financiamento agravou-se em mais de 100 pontos base, reflexo da instabilidade que acercou Portugal nas últimas semanas.

Juros a dez anos superam 4% outra vez

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Foram a leilão duas linhas de Obrigações do Tesouro. E na operação de financiamento através de títulos com maturidade em 2026, o IGCP pagou uma taxa de juro de 3,95% por um montante de 612 milhões de euros em dívida. Isto representa um agravamento de mais de 100 pontos base face ao último leilão comparável: em junho do ano passado levantou 400 milhões de euros a um juro médio de 2,859%.

No leilão de obrigações com maturidade em 2020, o Tesouro pagou um juro de 1,261% para angariar um total de 500 milhões de euros, numa linha em que observou sólida procura: as manifestações de interesse por estes títulos foi 2,7 vezes superior à oferta.

“Os resultados do leilão de hoje refletem uma procura robusta, numa altura em que se observa alguma diminuição do risco antes dos eventos que se aproximam, como as eleições francesas em abril e a revisão de rating da DBRS, continuando a oferecer níveis de rentabilidade atrativos aos investidores”, destaca Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial.

"Os resultados do leilão de hoje refletem uma procura robusta, numa altura em que se observa alguma diminuição do risco antes dos eventos que se aproximam, como as eleições francesas em abril e a revisão de rating da DBRS, continuando a oferecer níveis de rentabilidade atrativos aos investidores.”

Marisa Cabrita, gestora de ativos

Orey Financial

Fatores como a menor disponibilidade de dívida portuguesa ao alcance do programa de compras do Banco Central Europeu (BCE), alta da inflação e risco específicos do país contribuíram para criar um cenário de aversão ao risco no mercado nacional ao longo das primeiras semanas do ano e atirar os juros a dez anos para níveis acima de 4%. Esta fasquia volta a ser superada na sessão desta quarta-feira, após um período de alívio que marcou o comportamento dos juros nacionais no mercado secundário sobretudo ao longo do mês de fevereiro.

(Notícia atualizada às 13h00 com cotações atualizadas)

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