João da Costa Pinto, o economista que foi tudo no Banco de Portugal

  • Helena Garrido
  • 13 Março 2017

João António Morais da Costa Pinto, 71 anos, costuma dizer que no Banco de Portugal só não foi contínuo e governador.

Começou como estagiário e, entre várias interrupções para desempenhar outras funções no setor financeiro, chegou a vice-governador em 1994. Economista com uma carreira no domínio financeiro, viveu profissionalmente a experiência da liberalização da banca, da abertura das fronteiras aos movimentos de capitais na última década do século XX e da construção e lançamento do euro.

Desde outubro de 2014 é presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal e liderou, a convite do governador Carlos Costa, o grupo que avaliou a atuação do banco central na supervisão do BES. Atualmente é ainda administrador da Fundação Oriente, cargo que ocupa desde o início de 2015. Tem uma forte ligação à Ásia, como se pode ver por um dos seus livros favoritos — “Quando a China mandar no Mundo” — , e que nasce das funções que desempenhou em Macau, entre 1981 e 1984, a convite do então presidente Ramalho Eanes e quando Almeida e Costa (1932-2010) foi governador daquele território. Ali, em Macau, assumiu as funções de secretário adjunto da economia e finanças.

João da Costa Pinto, como é conhecido, nasceu em Vila Nova de Tazém, no distrito da Guarda, a 9 de dezembro de 1945. Fez os estudos secundários em Viseu e licenciou-se na Faculdade de Economia do Porto. Entra para o Banco de Portugal em 1973. Quando regressa de Macau, em 1984, está Portugal a caminho de entrar para a CEE. Acompanhará a liberalização do setor bancário da segunda metade da década de 80 e dos movimentos de capitais dos anos 90 entre cargos na banca e no Banco de Portugal.

Em 1988 assume a presidência do então Banco Nacional Ultramarino (BNU), uma instituição que tinha estatuto de emissor monetário em Macau, de onde sai em 1992, sendo substituído em finais de 1992 por Carlos Tavares, ex-presidente da CMVM e que apresentou recentemente a proposta de mudança da arquitetura da supervisão em Portugal. O BNU acaba por ser integrado na CGD desaparecendo.

Costa Pinto regressa ao Banco de Portugal em junho de 1994 como vice-governador de António de Sousa, que assume a liderança na mesma altura. O Banco tinha vivido em 1993, sob o consulado de Miguel Beleza, governador, e António Borges (1949-2013), vice-governador, uma das suas primeiras histórias de conflito com o Governo, designadamente com o então ministro das Finanças Jorge Braga de Macedo. Perspetivas diferentes quanto à velocidade a que se devia abrir as fronteiras aos movimentos de capital – com o Governo de Cavaco Silva a querer que fosse mais rápido, estiveram na origem desse conflito.

Ficará pouco tempo como vice-governador. João da Costa Pinto demite-se pouco mais de um ano depois e é substituído em janeiro de 1996 por Luís Campos e Cunha, acabando por ter sido também apanhado pelo conflito que opôs na altura Braga de Macedo a António Borges. Regressa mais tarde ao sistema financeiro e lidera a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo a partir de 2002 de onde sairá em janeiro de 2013.

Em finais de 2014 regressa ao Banco de Portugal mas como presidente do Conselho de Auditoria numa equipa que conta com Ana Paula Serra e o revisor oficial de contas António Gonçalves Monteiro. Um novo desafio o espera, quando o governador do Banco de Portugal o convida para presidir a uma equipa que para avaliar a actuação da supervisão no caso BES. O relatório produzido com mais de 600 páginas não foi divulgado, ficando apenas a conhecer-se as recomendações.

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