Subida louca do Montepio faz tocar alarme na CMVM e na Bolsa

O regulador do mercado de capitais tem estado a acompanhar de perto as transações com as unidades de participação do banco que mais do que duplicaram de valor.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está em alerta. A subida vertiginosa das unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral está a ser seguida de perto pelo “polícia da bolsa” que tem estado a analisar as transações. É que o banco mais do duplicou de valor em bolsa, isto apesar da reduzida liquidez registada.

“A CMVM continua a acompanhar a negociação [do Montepio] em articulação com a Euronext e o emitente”, diz fonte oficial do regulador do mercado de capitais. Esta explicação foi dada ao ECO já depois de mais um dia marcado por uma subida muito expressiva das unidades de participação do banco liderado por Félix Morgado. Os títulos chegaram a subir um máximo de 53,23%, elevando para 102,8% a subida em duas sessões.

O valor de cada unidade de participação chegou a um máximo quase desde a entrada em bolsa, em dezembro de 2013, nos 95 cêntimos, seguindo a tendência registada já na sessão anterior, dia em que os títulos terminaram o dia com um ganho de 46,23% para os 62 cêntimos, apesar de terem sido registadas no sistema ordens a preços de 1,30 euros.

A CMVM questionou o Montepio logo no inicio desta escalada dos títulos, procurando saber se haveria alguma informação importante que estivesse para ser revelada ao mercado, mas o banco rejeitou a existência de tal comunicação. Ao ECO, fonte oficial da instituição comentou a movimentação afirmando que “é o mercado a funcionar”.

A CMVM continua a acompanhar a negociação [do Montepio] em articulação com a Euronext e o emitente.

CMVM

Fonte oficial

As transações, que estão a ser alvo de escrutínio por parte do regulador para aferir se podem constituir algum crime de mercado, não movimentaram muitos títulos. Existem 400 milhões de unidades, sendo que a maioria está nas mãos da Associação Mutualista, que controla o banco. Na primeira sessão de fortes subidas trocaram de mãos 220 mil títulos. Esta quarta-feira, o volume ascendeu a 800 mil títulos. Ou seja, há fortes subidas mas sem liquidez.

“Não há notícias, de facto. É difícil de dizer o que realmente se passa, mas provavelmente terá a ver com a mudança para sociedade anónima e com as implicações que poderá ter esta transformação das unidades de participação em ações. Mas daí para a frente tenho muitas dúvidas sobre o que poderá ser”, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos, ao ECO.

A única razão para este apetite comprador poderá “ter a ver alguma iminência ou alguma surpresa do novo acionista que pudesse entrar na estrutura de capital da Caixa Económica”, diz João Queiroz, diretor de negociação do Banco Carregosa. Ou seja, seria já o novo acionista a querer tomar posição na Caixa Económica antes da passagem do fundo a sociedade anónima.

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