Como a IBM usa a blockchain para poupar tempo e dinheiro
O ECO falou com um responsável da IBM sobre blockchain, a tecnologia na base da moeda virtual bitcoin. Descubra como a IBM usa esta tecnologia nascida nos confins da internet.
Para Louis de Bruin, é tão simples quanto isto: esperar para ver o que vai acontecer com a massificação da blockchain “não é uma opção”. “É como as alterações climáticas: ignorá-la não vai travá-las”, diz o responsável da IBM Europa para este segmento, em entrevista ao ECO por email. “Todos deveriam começar agora mesmo a obter conhecimentos e experiência e a pensar em casos práticos onde a blockchain pode facilitar e simplificar negócios”, acrescenta.
A blockchain é a tecnologia que está por detrás da moeda virtual bitcoin. É como um livro de registos inviolável, a que todas as partes têm acesso em tempo real e de forma descentralizada. Porém, o que nasceu na moeda não tem de ser da moeda. Várias empresas estão a usar esta tecnologia para fazer muitas outras coisas, criando “novos modelos de negócio” que não eram possíveis com as tecnologias mais tradicionais.
Uma dessas empresas é a IBM. Mas antes de falarmos de como esta gigante está a alavancar esta tecnologia nova, tentámos perceber se Louis de Bruin partilha da ideia de que o dinheiro tradicional está condenado a desaparecer, face à emergência das moedas virtuais. Resposta rápida: não.
“As moedas virtuais têm alguns atributos que são como o dinheiro comum, outros semelhantes ao ouro e em alguns aspetos têm características que se assemelham aos sistemas de pagamentos. Mas elas são basicamente um ativo”, refere. Além do mais, a maioria destas moedas não foi criada com o intuito de substituírem as moedas que guardamos no fundo das nossas carteiras, refere Louis de Bruin. Por isso, “é pouco provável que as moedas virtuais venham a substituir o dinheiro tradicional como um todo”, sublinha o especialista.
Não se conhecer a origem de uma tecnologia nunca foi impedimento para não a abraçar: o facto de ninguém saber quem inventou a roda alguma vez impediu as fabricantes automóveis de produzirem carros?
Uma blockchain para “simplificar processos”
Falemos de como a IBM está a usar a blockchain e, sobretudo, do porquê de uma gigante na vanguarda da computação cognitiva estar a apostar numa tecnologia criada nos recônditos da internet por alguém de quem nem sequer se sabe o nome. “Estamos a usar a blockchain para simplificar processos nos ecossistemas de negócio onde muitos parceiros interagem uns com os outros”, resume Louis de Bruin.
O que significa isso? Significa que a IBM trabalha com muitos parceiros diferentes que, numa situação normal, teriam de lidar entre eles de forma individual. Muitas das informações circulam entre esses mesmos parceiros através de intermediários. “Tudo isto custa tempo, dinheiro e resulta em erros e oportunidades para fraudes”, conta o responsável. “Se todos os parceiros tiverem um registo comum, que é a essência da blockchain, todos eles têm acesso imediato aos mesmos dados quando ficam disponíveis”, acrescenta. Por outras palavras, a IBM consegue reduzir custos, diminuir o tempo de processamento e prevenir erros.
“A origem da primeira blockchain, a bitcoin, surge envolta em mistério. No entanto, a blockchain é tudo menos misteriosa. Apesar de o conceito não ser simples, também não é física quântica. E não se conhecer a origem de uma tecnologia nunca foi impedimento para não a abraçar: o facto de ninguém saber quem inventou a roda alguma vez impediu as fabricantes automóveis de produzirem carros?”, questiona.
Por fim, o objetivo passa também por cruzar este potencial com o Watson, o sistema cognitivo no qual assenta agora grande parte da atividade da IBM. Se nunca ouviu falar, o Watson é uma tecnologia da IBM que aprende com o tempo e com a utilização. Existem já robôs alimentados por este algoritmo que, no fundo, fornece informação, faz deduções e é capaz de assimilar automaticamente novos conteúdos, assim como verbalizar diretamente com o utilizador.
“Tudo o que fazemos está relacionado com o Watson. A blockchain tem a ver com gerir grandes quantidades de transações e construir um rasto imutável para essas transações. O Watson é capaz de encontrar padrões no manancial de informação que estes registos contêm, fornecendo dados que não se conseguiriam obter [de outra forma]”, conclui o responsável da IBM. Uma forma diferente de usar a blockchain, muito para além do mundo da economia e da finança.
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