Like & Dislike: E tudo o vento levou. E Mexia perdeu

António Mexia queria tirar a EDP Renováveis da bolsa, mas não quis abrir os cordões à bolsa. E a bolsa fechou-se a Mexia.

Esta sexta-feira, ao início da manhã, a Euronext Lisboa enviou um email para as redações a avisar que os resultados da OPA da EDP sobre a EDP Renováveis seriam comunicados através de um singelo email. Ou seja, não haveria lugar à tradicional cerimónia com pompa e circunstância em que CEO aparece e dá a cara numa sessão especial na Avenida da Liberdade.

Era sinal de que a operação não correu bem. Ao final da tarde, chegava o dito email com os resultados da oferta e confirmava-se: a elétrica só conseguiu comprar 5% do capital da sua subsidiária EDP Renováveis e vai falhar o objetivo de retirar a empresa de bolsa. Resumindo, os acionistas minoritários disseram um rotundo não a António Mexia.

Porquê? Porque o preço era demasiando baixo. Por exemplo, os norte-americanos da Massachusetts Financial Services (com 4% da Renováveis) já tinham dado a entender que não iriam vender, porque Mexia não queria partilhar o valor real da empresa com os acionistas. Calculavam que a contrapartida justa, com base no método de avaliação que Manso Neto considerou ser o melhor para avaliar a empresa, — o método EV/MW — deveria resultar num preço mínimo de 11,73 euros por ação.

Mas António Mexia quis tirar proveito do mau desempenho momentâneo das ações em bolsa e da disponibilidade de cash que conseguiu com o negócio da Naturgas, para tirar a empresa do mercado. Só quis pagar 6,75 euros, numa oferta que o Haitong classificou de “oportunista”.

O mercado funcionou e disse “não” a António Mexia que sofre assim um revés na sua estratégia de retirar a EDP Renováveis de bolsa e fazer o desejado “portfolio reshuffling”.

A empresa foi vendida em bolsa a 8 euros por ação no IPO de 2008 e agora a EDP, controlada por capitais chineses, queria reaver o seu ativo a 6,75 euros. Um negócio da China que os investidores minoritários recusaram.

Agora vão ter de assumir o risco de liquidez — que vai ser maior com a EDP a ficar com 82,6% — mas poderão partilhar os ganhos futuros do potencial que acreditam que a empresa tem. O mercado ganhou, Mexia perdeu.

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