Portugal abaixo da média europeia em metade das categorias que avaliam a economia sénior

Portugal teve uma nota de 31,27 na escala de 0 a 100 num novo indicador, que avalia a economia em torno das pessoas entre os 55 e 75 anos. País está na 14.ª posição entre 27 países avaliados.

Portugal encontra-se abaixo da média dos países da União Europeia (UE) em quatro das oito categorias que medem o progresso nacional da economia que gira em torno dos portugueses dos 55 aos 75 anos, medida pelo indicador senior economy tracker.

O senior economy tracker foi criado este ano e utiliza dados públicos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e do Eurostat de 2005 até 2020. Surgiu para avaliar os desafios que se colocam pelas alterações demográficas europeias – diminuição da taxa de natalidade e aumento da esperança média de vida – que, embora representem a evolução em termos de saúde e bem-estar, deverá impor novas formas de organização social e económica para responder a vários desafios, como a sustentabilidade do sistema de pensões.

A apresentação do estudo decorreu esta segunda-feira na sede da Associação Portuguesa de Seguradoras (APS)e contou com Pablo Calvo Báscones, investigador da Universidade Comillas, Julio Domingo Souto, diretor-geral da Fundación Mapfre, António Nogueira Leite, presidente do conselho de administração da Mapfre Seguros Gerais, Clara Marques Mendes, secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Luis Anula, CEO da Mapfre Portugal, Juan Fernández Palacios, diretor do Centro de Investigação Ageingnomics da Fundación Mapfre, Filipe Carrera, professor no Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) e na Universidade Europeia e Elisa Aracil Fernández, investigadora na Universidade Comillas. José Galamba de Oliveira, presidente da APS, abriu o evento.

De acordo com o relatório encomendado pelo Centro de Investigação Ageingnomics da Fundación Mapfre, à equipa de investigação da Universidade de Comillas, ‘Senior Economy Tracker: Quantificar o progresso da Longevidade na Europa – O caso de Portugal’, os seniores adotam poucos comportamentos que promovem o seu bem-estar. O país encontra-se abaixo da média europeia quanto à participação dos idosos na sociedade (ocupando a 23.ª posição entre os 27 países analisados), apresenta baixa pontuação relativamente ao envelhecimento saudável e ativo (22.º lugar) e regista baixos níveis de segurança financeira dos idosos (16.ª posição).

Os fatores macroeconómicos são também pouco animadores para os seniores. Estão entre os europeus que têm menor oferta no mercado de bens e serviços (14.º lugar), mas com as oportunidades de trabalho e de empreendedorismo para seniores acima da média (na 9.ª posição).

Já os níveis de inovação institucional relativamente à saúde e proteção social (10.ª posição) e às pensões e proteção laboral (5.º posição), relacionados por exemplo com saúde preventiva e reforma flexível, estão acima da média europeia.

Portugal ocupa a 10.º posição entre os países europeus analisados que estão a realizar as reformas necessárias de acordo com as mudanças geográficas que terão de enfrentar, ligeiramente acima da média europeia. Este indicador está relacionado com a pressão do investimento populacional sobre os sistemas de saúde, finanças públicas e equidade entre gerações

Não obstante a comparação com os países europeus, “este estudo evidencia que a sustentabilidade da Segurança Social é um dos principais desafios atuais: com menos contribuintes a financiar as pensões de um número crescente de reformados, reformas estruturais são urgentes para garantir a viabilidade do sistema a longo prazo. Ajustar a idade da reforma e incentivar planos de poupança reforma são algumas das medidas recomendadas”, remata o CEO da Mapfre Portugal.

O envelhecimento da população portuguesa exige uma resposta abrangente que envolva reformas estruturais, investimento em saúde e inovação, e a promoção de um envelhecimento ativo e participativo“, assinalou o CEO da Mapfre Portugal em comunicado. Luis Anula acredita que só dessa forma “será possível garantir o bem-estar da população envelhecida e a sustentabilidade do sistema socioeconómico português.”

Importa salientar que o estudo avalia todos os países da UE, exceto Malta e Chipre, e inclui a Noruega e Reino Unido pela sua proximidade aos países da UE.

Portugal na 14.ª posição quanto à economia sénior

Agrupadas todas as categorias, o senior economy tracker avalia Portugal com uma nota de 31,27, numa escala de 0 a 100, pelo nível do progresso em direção a uma economia orientada para a longevidade. Ou seja, o país está na 14.ª posição entre os 27 países europeus avaliados.

Assim, Portugal surge acima de países europeus como a vizinha Espanha (31,02 pontos), Eslovénia (29,18), Estónia (26,02), Grécia (25,85) e Republica Checa (25,65), tendo ficado em último lugar a Croácia com 8,22 pontos. Acima de Portugal estão países como a Itália (33,11), Bélgica (34,09), França (35,52), Irlanda (36,09). Em primeiro lugar do ranking está a Dinamarca com 43,41 pontos.

O estudo revelou também uma correlação entre o Produto interno Bruto (PIB) per capita e as pontuações no senior economy tracker. Quanto mais elevado é o PIB, maior é a classificação no indicador, exceto na Irlanda e Bélgica, com pontuações abaixo do seu grupo de PIB e da Estónia, com pontuações acima das do seu grupo. “Poder-se-ia argumentar que o avanço da economia da longevidade pode levar a um maior desenvolvimento económico em termos de PIB per capita e/ou que esse maior desenvolvimento facilita o avanço da economia da longevidade”, lê-se no relatório.

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