Second Home vai investir mais de dez milhões para abrir segundo espaço em Lisboa
Abrir um segundo espaço em Lisboa. É esse o objectivo da aceleradora de empresas britânica Second Home. Em Lisboa, trabalham lado a lado desde multinacionais a startups nacionais.
A aceleradora de empresas britânica Second Home vai investir mais de dez milhões de euros num segundo espaço em Lisboa, revelou o cofundador Rohan Silva, que identifica maior potencial na capital portuguesa do que em Paris ou Berlim.
O espaço, aberto em dezembro de 2016 no primeiro piso do Mercado da Ribeira, em Lisboa, justificou, está “cheio desde o primeiro dia” e possui uma fila de espera de empresas e empreendedores interessados em ocupar uma secretária.
O novo espaço terá de ter uma área significativamente maior do que os atuais 1.300 metros quadrados, pois o objetivo é ter capacidade para manter empresas que estejam em crescimento.
“Atualmente, se forem precisas mais três pessoas, [as empresas] precisam de sair porque não há espaço adicional”, justificou, em entrevista à agência Lusa em Londres.
No ano passado, o investimento foi de “um montante de sete dígitos em euros”, mas para a nova localização, há permissão dos investidores para alocar um “montante de oito dígitos”, isto é, superior a dez milhões de euros, mas cujo valor exato recusou especificar.
“É um passo muito grande, mas mostra que a nossa experiência em Lisboa como sendo uma ótima cidade para fazer negócios e com uma resposta fantástica da comunidade criativa”, acrescentou.
Rohan Silva quer replicar em Lisboa o ambiente que existe na capital britânica, onde a Second Home abriu em 2014 numa antiga fábrica de alcatifas na zona este da cidade com 6.000 metros quadrados, entretanto renovada pelo ateliê de arquitetos espanhóis SelgasCano.
Os quatro pisos possuem tanto secretárias para membros individuais ou pequenas equipas como estúdios privados para empresas de até 50 funcionários. A Second Home diz ser mais do que um espaço de trabalho partilhado [coworking] e descreve-se como um “acelerador criativo” e um espaço cultural, que oferece concertos, sessões de cinema ou conferências.
“Não queremos dar apenas uma secretária num espaço bonito. Estamos a criar um sítio onde seja mais provável ser criativo e bem-sucedido. Temos um papel ativo em apresentar as pessoas umas às outras, em dar formação, para expor as pessoas a ideias e conselhos para crescerem”, enfatiza Rohan Silva.
Não queremos dar apenas uma secretária num espaço bonito. Estamos a criar um sítio onde seja mais provável ser criativo e bem-sucedido. Temos um papel ativo em apresentar as pessoas umas às outras, em dar formação, para expor as pessoas a ideias e conselhos para crescerem.
Em Londres, as estatísticas recolhidas mostram que as empresas utilizadoras cresceram dez vezes mais rápido do que a média nacional e que 75% dos membros colaboram entre si em projetos profissionais.
Em Lisboa, trabalham lado a lado desde multinacionais, como a Volkswagen, a Mercedes ou a revista Vice, a startups nacionais, incluindo uma escola de surf e uma empresa de entrega de comida ao domicílio, mas a falta de espaço pode estar a limitar o crescimento dos utilizadores. “Não queremos olhar para trás e pensar que Lisboa só é boa para startups, e que para crescer é preciso mudar para Londres. É isso que precisa de mudar, passar desta “economia de startup” para uma economia de maior escala. É esse passo que a nova Second Home vai tentar dar”, afirmou.
Além de um segundo espaço em Lisboa, a Second Home vai abrir nos próximos meses mais dois espaços em Londres e tem planeada uma expansão para os EUA, em Los Angeles.
Empresas criativas preferem sair de Londres para Lisboa
Lisboa está à frente de Paris e Berlim na escolha de muitas empresas que estão atualmente em Londres, sendo vista como a “capital criativa do continente europeu”, afirma o cofundador da Second Home, Rohan Silva.
“As empresas internacionais e criativas querem Lisboa. Está muito à frente de Berlim e de Paris. Em parte devido à língua inglesa, que não existe em Paris. E depois, por causa do estilo de vida, como o surf e o clima, que é melhor do que em Berlim”, explicou. Há também a questão do custo de vida, que em Londres é muito elevado, e que está a levar muitas empresas a procurar alternativas.
“Para a comunidade criativa que está no Second Home em Londres, o principal problema é o custo do alojamento. O custo de vida é muito elevado. A falta de habitação em Londres é um problema maior do que o Brexit“, saída do Reino Unido da União Europeia, lamentou.
A expansão da empresa britânica para Lisboa aconteceu em 2016, dois anos depois do primeiro espaço em Londres, na sequência de umas férias na capital portuguesa, ainda antes de se saber que a Web Summit iria mudar-se para a cidade.
“Mesmo antes de abrir já dizia que Lisboa era uma cidade fantasticamente criativa e agora que abrimos continuo a dizer: ‘É uma cidade fantasticamente criativa e uma ótima cidade para fazer negócios e investir'”, disse. O antigo assessor do ex-primeiro-ministro David Cameron revela que só teve contacto com as autoridades portuguesas seis meses antes da abertura e que não beneficiou de incentivos fiscais, mas elogia o governo e a autarquia socialista.
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