Ainda há 869,9 mil pessoas subaproveitadas pelo mercado de trabalho

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 8 Novembro 2017

Em causa estão desempregados, trabalhadores a tempo parcial que gostariam de ter trabalhar mais horas e parte dos inativos. O indicador de subutilização do trabalho regista agora menos pessoas.

Além dos desempregados, há um conjunto de pessoas cujo potencial não está a ser totalmente aproveitado pelo mercado de trabalho. São os trabalhadores a tempo parcial que gostavam de trabalhar mais horas, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar e os que, estando disponíveis, não procuram emprego. Ao todo, são 869,9 mil os abrangidos pelo conceito de “subutilização do trabalho” no terceiro trimestre do ano.

Os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram agora um recuo. A taxa de subutilização do trabalho caiu para 15,8%, contra 16,6% no segundo trimestre e 18,8% no período homólogo. Quem são estas pessoas?

  • 444 mil desempregados
  • 177,6 mil trabalhadores a tempo parcial que gostariam de trabalhar mais horas
  • 21,5 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar
  • 226,8 mil inativos disponíveis mas que não procuram emprego

Para calcular a taxa de subutilização do trabalho, é tida em conta a população ativa “alargada”, que abrange a população ativa e ainda os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os que, estando disponíveis, não procuram emprego.

Taxa de subutilização do trabalho

Fonte: INE Nota: quebra de série em 2011

O INE alerta, porém, que este indicador, agora divulgado pela segunda vez, sobrestima a subutilização do trabalho. Por um lado, “sobrestima o contributo potencial do subemprego de trabalhadores a tempo parcial, pois não considera as horas de trabalho realizadas por estes empregados (tipicamente, as horas trabalhadas correspondem a metade do total desejado)”, explica o destaque. Por outro, “sobrestima a população ativa alargada, uma vez que os dois subgrupos de inativos considerados têm, em geral, uma menor ligação ao mercado de trabalho do que os desempregados, o que se traduz na existência de uma menor probabilidade de transição para a população ativa, de uma maior proporção de pessoas que nunca trabalharam ou que deixaram de trabalhar há mais de 2 anos e de uma menor proporção de pessoas que se autoclassificam como desempregadas”, continua.

Há mais inativos que não procuram emprego

Se o desemprego e o subemprego de trabalhadores a tempo parcial tem vindo a cair, a análise difere no que toca aos outros dois grupos. O número de inativos que estão disponíveis para trabalhar mas não procuram emprego aumentou 10,9% em cadeia, ou 22,2 mil. Mas estes dados não são ajustados de sazonalidade. Comparando já com o mesmo período do ano anterior, a quebra é de 9,6%, ou 24 mil.

Já os inativos que procuram emprego mas não estão disponíveis para trabalhar conheceram um aumento homólogo de 17,2% (3,1 mil) e uma redução em cadeia de 21% (5,7 mil).

‘Subutilizados’ são quase o dobro dos desempregados

Olhando para os quatro grupos que constituem o indicador, os desempregados assumem maior expressão (51%). Isto explica “que a subutilização do trabalho corresponda (em número de pessoas e em taxa) a praticamente o dobro do desemprego, sendo que esta relação aumentou desde o 1.º trimestre de 2011″, mas “manteve-se estável quando comparada com o trimestre anterior”, avança o INE. No terceiro trimestre, o número de desempregados caiu para 444 mil, o que corresponde agora a uma taxa de desemprego de 8,5%.

O Instituto aponta para dois períodos distintos na evolução dos números na série iniciada em 2011. Até ao início de 2013, “observou-se em ambos os indicadores uma trajetória ascendente”. Já desde o primeiro trimestre de 2013, “a população desempregada e a subutilização do trabalho têm descrito uma trajetória descendente”.

(notícia atualizada)

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