FT: Reabilitação urbana projeta Lisboa e Porto para o futuro
Financial Times frisa que a reabilitação dos edifícios nas duas cidades portuguesas olha para o passado para projetar futuro. No jornal Público alerta-se para a financeirização da reabilitação urbana.
Em Lisboa e no Porto, grande parte dos edifícios está a ser recuperado com base na herança do passado para projetar o futuro, tornando o mercado imobiliário nas duas grandes cidades portuguesas cada vez mais atrativos para os investidores. Mas há problemas: a “financeirização” da reabilitação urbana que está a expulsar as famílias locais dos centros urbanos.
O jornal britânico Financial Times (conteúdo em inglês/ acesso pago) conta o caso da arquiteta Joana Leandro Vasconcelos. Foi recentemente contratada para renovar três apartamentos no centro do Porto com a preocupação de criar lares acolhedores ao mesmo tempo que preservava o estilo do edifício da década de 1940.
“As atitudes dos portugueses em relação a edifícios antigos estão a mudar. Os edifícios antigos são cada vez mais valorizados, são encarados como uma herança que vale a pena preservar”, contou Joana Leandro Vasconcelos ao FT.
"As atitudes dos portugueses em relação a edifícios antigos estão a mudar. Os edifícios antigos são cada vez mais valorizados, são encarados como uma herança que vale a pena preservar.”
O diário britânico associa esta mudança no comportamento dos portugueses ao impulso no mercado imobiliário que Portugal está a viver neste momento e que está a alterar de forma muito célere os centros de muitas cidades portuguesas. E lembra que muitos bairros históricos ficaram em ruínas após décadas de negligência. Mas o cenário está a mudar e a regeneração urbana representa agora o principal motor que está a mexer o até então moribundo setor da construção.
Atraídos por bom momento do mercado, muitos investidores estão a ser atraídos para Portugal. José Velez, diretor executivo da Prime Yield, consultora de Lisboa, adiantou ao FT que os proprietários podem ganhar um retorno médio entre 10% e 15% com investimentos em restauração no centro de Lisboa.
O reverso da medalha vem precisamente desta vertente financeira, conta esta terça-feira o jornal Público, referindo que “os centros das cidades estão a ser reconstruídos ao ritmo de T0 e T1” (acesso pago).
A chamada “financeirização” da habitação urbana está a impor tipologias pequenas nos prédios reabilitados, dimensões que visam responder a uma forte procura turística apetecível para os proprietários e que não têm tanto a ver com habitação de longo prazo de famílias e gente local, explica o jornal.
“Enquanto o turismo estiver com esta força toda no centro da cidade, vai ser muito difícil convencer um proprietário a tirar casas do alojamento local em troca de benefícios fiscais”, disse Adriana Floret, fundadora de um dos primeiros gabinetes de arquitetura dedicados à reabilitação urbana no Porto, em 2001.
De resto, os arquitetos ouvidos pelo Público pedem cuidados na atividade da reabilitação urbana claramente vocacionada para o turismo, defendendo que as frações dos edifícios possam ser transformados novamente (criando casas maiores) quando a expansão turística começar a aliviar.
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