Ineficiência na gestão custa 47 milhões à hotelaria todos os anos
Desfasamento entre o 'boom' da procura e a adequação do preço médio da hotelaria custou, em cinco anos, 235 milhões. Nos Açores, a instabilidade das ligações aéreas retardou esse ajustamento.
Quanto custou a ineficiência na gestão do boom da procura turística à hotelaria? Em cinco anos (de 2012 a 2016), nas três regiões onde o desfasamento entre o disparo da procura e a resposta do setor foi maior, as empresas hoteleiras perderam 235 milhões de euros. A conclusão é de um estudo da consultora BlueShift, que sublinha que essas perdas representaram 12% do setor, a nível nacional.
As regiões campeãs na ineficiência do ajustamento do preço médio consoante a taxa de ocupação foram o norte, os Açores e a Madeira. Segundo a consultora, a inércia dos preços é, tradicionalmente, agravada em contextos incertos quanto à competitividade, como acontece na região autónoma liderada por Vasco Cordeiro, onde a instabilidade relativamente às ligações aéreas tem mitigado o planeamento estratégico das empresas em questão. Além do preço, também a contratação e gestão de canais têm sido afetados por esta incerteza. Em segundo lugar, destinos como a Madeira (isto é, dependentes da Tour Operação) apresentaram maiores dificuldades no ajustamento em causa.
O estudo da BlueShift comparou o período compreendido entre o ano antes do arranque da procura (2012) e o ano recorde para o turismo nacional (2016). A análise pretendeu averiguar até que ponto as organizações conseguiram ou não tirar partido da nova tendência de crescimento. Deste modo, foram comparadas a Taxa de Ocupação e o Preço Médio, já que a rentabilidade operacional só pode ser maximizada se ambos se expandirem. Um euro de crescimento em preço, por exemplo, traduz-se diretamente em resultados. Se esse mesmo euro for apenas conseguido via ocupação, apenas 40 cêntimos (numa operação otimizada) traduzem-se em resultados — uma vez que é necessário subtrair os custos variáveis do montante acumulado.
“A capacidade de crescer em preço depende de muitos fatores exógenos à empresa hoteleira“, assinala a consultora, em comunicado. O ponto de partida — em mercados com ocupações muito baixas, a prioridade é atingir um nível de atividade eficiente — e a previsibilidade do contexto competitivo ditam, neste sentido, a velocidade do ajustamento considerado, sendo importante realçar que, mesmo nos melhores cenários, só as empresas com maior capacidade de previsão e planeamento conseguem gerir estrategicamente e evitar as perdas registadas nestas regiões, nos cinco anos referidos.
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