Turismo pede cautela. Falta “transformar o conjuntural em estrutural”
A Associação da Hotelaria de Portugal desvaloriza a "euforia" em torno do turismo e pede esforços para que o crescimento do setor seja estrutural. Augusto Santos Silva garante que já é.
O turismo tem sido um dos principais motores da economia e a grande maioria das empresas do setor conseguiu “superar a crise e reposicionar-se”. Contudo, os sucessivos recordes do turismo devem ser olhados com cautela: tal como disse Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações da implantação da República, “não há sucessos eternos nem reveses definitivos“. Para a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), falta “transformar o conjuntural em estrutural”.
“Disse o nosso Presidente da República, nas comemorações da implantação da República, que não há sucessos eternos nem revezes irreversíveis. Esta dupla constatação é bem verdade no nosso setor: apesar de toda a euforia e entusiasmo em torno do nosso país, a verdade é que acabámos de regressar de uma profunda crise económica que abalou os alicerces das empresas de turismo”, disse Raul Martins, presidente da AHP, na abertura do congresso anual da associação, que este ano decorre em Coimbra.
“Não se pode dizer que tenhamos regressado incólumes, mas, contra muitas previsões e prognósticos, a grande maioria das empresas portuguesas conseguiu superar a crise e reposicionar-se”, sublinhou. Contudo, ressalvou, “se os sucessivos recordes do turismo e da hotelaria são, por um lado, importantes catalisadores do renascimento da economia nacional, por outro, inspiram em muitos justificados ecos de preocupação“.
Para além da pressão turística nos maiores centros urbanos ou da falta de capacidade do aeroporto de Lisboa para acomodar o crescimento que tem vindo a verificar-se, Raul Martins salienta aspetos como a falta de mão-de-obra qualificada. Há “dificuldade na captação, retenção e formação de pessoas”, reconheceu, criticando ainda os contratos coletivos de trabalho do setor, que consideram estarem “obsoletos”.
"Estamos num ponto de viragem e, do alto desta dinâmica ascendente, falta ainda desenhar as estratégias que permitirão transformar o conjuntural em estrutural, respondendo aos desafios e aproveitando as oportunidades.”
Assim, concluiu, encara o futuro do setor com “realismo otimista”: “Estamos num ponto de viragem e, do alto desta dinâmica ascendente, falta ainda desenhar as estratégias que permitirão transformar o conjuntural em estrutural, respondendo aos desafios e aproveitando as oportunidades”.
Também presente neste congresso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, respondeu a Raul Martins. “Para além das razões de circunstância, há outras que são estruturais e não conjunturais” a explicar o crescimento do turismo. Augusto Santos Silva resume estas razões em apenas duas: “Abertura ao outro e cosmopolitismo. Esta é uma característica estrutural da sociedade portuguesa”, garante.
Por outro lado, salientou, “é preciso não depreciar o esforço enorme que o país fez na modernização das infraestruturas que tinha, para que a oferta turística seja atrativa”, além da “qualidade de serviço que hoje prestamos, especificamente a qualidade da formação dos recursos humanos que hoje trabalham no turismo”.
Assim, garante o ministro dos Negócios Estrangeiros, o crescimento do turismo é “sólido e sustentável”.
A jornalista viajou a Coimbra a convite da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
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