Das criptomoedas à leitura da retina, eis o banco do futuro

  • ECO
  • 10 Dezembro 2017

A Associação Portuguesa de Bancos desafiou alunos do secundário a pensarem como será o banco do futuro. No evento Innovation Challenge, não faltaram ideias disruptivas.

O banco do futuro será um banco desmaterializado, mais próximo dos clientes e, acima de tudo, será uma instituição segura. Os mais novos querem saber mais sobre o funcionamento das instituições bancárias e ter garantia que o seu dinheiro está em boas mãos. Mas como poderão os bancos seguir estes princípios nos próximos anos? Alunos do Ensino Secundário de cinco escolas de Lisboa apresentaram os seus planos de negócio para aquele que deverá ser o banco do futuro. As apresentações foram feitas no Innovation Challenge, um evento da Associação Portuguesa de Bancos (APB), e que este ano contou com a parceria da JA Portugal.

De 20 equipas, dez passaram à fase final, e três formaram o pódio, com propostas de negócio que a APB poderá vir a promover junto das entidades bancárias de Portugal. Segurança, desmaterialização, mobilidade e proximidade com o cliente são os vetores transversais a praticamente todas as propostas apresentadas a um júri composto por Isabel Guerreiro (Banco Popular/ Grupo Santander), António Neto da Silva (APB), e Paulo Dias Pereira (Bankinter).

Um banco mais seguro e desmaterializado. Dinheiro e cartões farão parte do passado

“Antigamente existiam disquetes e cassetes. Hoje em dia, como sabemos, já não há nada disso. O mesmo vai acontecer com este dinheiro aqui. Tenho aqui um cartão de crédito e uma nota. Isto daqui a alguns anos vai ser passado“, assim começa Ricardo a apresentação do seu grupo, atirando ambos para o chão.

Num contexto em que a bitcoin conquista a atenção e valor face ao dólar, uma das propostas apresentadas passa pela introdução da criptomoeda no sistema bancário, considerando a nova divisa como “altamente segura”. O grupo foi o único que apresentou uma análise SWOT, contrapondo a “renovação do sistema bancário, meios de pagamento alternativos e a facilitação de trocas internacionais” com a “volatilidade da moeda digital, a falta de regulamentação e o desconhecimento acerca das criptomoedas”.

Os recentes progressos tecnológicos inspiram os mais novos na forma de pensar no setor bancário de amanhã. Várias propostas consideram que o futuro dos pagamentos passa pela substituição dos cartões e do dinheiro pela leitura de impressões digitais e da retina. Para o grupo que criou o Interactive Bank, por exemplo, a impressão digital servirá também para aceder ao conjunto de contas associadas ao cliente. Memorização de códigos de segurança e cartões presos nos terminais de multibanco serão problemas de outros tempos.

Na migração dos bancos para o online, a segurança será o novo paradigma. A criação de aplicações para smartphones ou wearables é algo bastante sugerido pela grande maioria dos jovens, mas a proteção dos dados e do dinheiro dos clientes não está esquecida. O grupo de Ricardo propõe a criação de “um ramo digital para proteger os clientes e as suas contas”, assente na credibilidade e na segurança. “Nós, como banco, consideramos que como ponto diferenciador dos demais, temos a oferecer a segurança e o conforto a todos os nossos clientes numa época dominada pela moeda virtual”, diz um outro elemento do grupo.

A SIBS e o Instituto Superior Técnico são algumas das entidades escolhidas como parceiras no desenvolvimento da banca, especialmente no que toca ao desenvolvimento de software capaz de acompanhar o progresso tecnológico e as crescentes necessidades de segurança.

O banco do futuro é aquele que está mais próximo do cliente

Num tempo em que o acesso ao conhecimento nunca foi tão fácil, é justamente a falta de informação sobre o setor bancário que os jovens apontam como um obstáculo a ser ultrapassado pelos bancos no futuro. É justamente para melhorar a forma como os bancos se relacionam com os clientes que é apresentado o banco Be You. “O nosso foco é a experiência proporcionada aos nossos clientes”, afirma um dos membros de um outro grupo. Através de uma plataforma digital, prevê-se que os clientes tenham acesso a um conjunto de planos adaptados às suas necessidades e interesses “de forma intuitiva”.

Já o Digi 5 – Consulting Bank inclui uma proposta de criação de um consultor virtual, de forma a fornecer soluções adaptadas aos clientes de forma “rápida”, evitando deslocações às sucursais físicas. Para tal, o grupo prevê que sejam assinadas parcerias com vários bancos. Os consultores, na visão do grupo, estariam acessíveis a partir de uma aplicação móvel, e seriam contactados por videochamada.

E porque os mais jovens são os potenciais clientes, o banco do futuro é aquele que promove o “Dia Financeiro”, segunda a proposta de um outro grupo de estudantes. Uma vez por mês, alunos do 12º ano receberiam formação e dariam ideias pertinentes sobre três pilares: Estratégias de comunicação, Tecnologia e tendências, e Inovação em termos de serviços e produtos bancários.

A Responsabilidade Social não foi esquecida. Na última proposta apresentada, intitulada “Visão de Recursos Financeiros”, o banco do futuro terá um papel no apoio a causas sociais: “por cada x de operações bancárias que os clientes realizem, como transferências, o banco irá transferir um determinado valor para um projeto de inovação social“, refere uma das alunas.

A partir de ideias mais ou menos disruptivas, o banco do futuro terá de lidar com gerações cada vez mais familiarizadas com as novas tecnologias, e a migração de cada vez mais serviços para as plataformas móveis poderá ser um passo decisivo e imprescindível na evolução do setor bancário, afirmaram vários jovens.

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