Juros portugueses causam alerta em Itália
Esta sexta-feira, o ex-primeiro ministro italiano mostrou-se preocupado com o risco dos juros italianos ser mais elevado do que o dos juros portugueses. Por fim, deixou um aviso do mercado ao país.
Os juros da dívida pública portuguesa estão a dar que falar em Itália. O antigo primeiro-ministro alertou esta sexta-feira os deputados italianos para o facto de Itália apresentar um maior nível de risco do que Portugal. É um aviso do mercado ao país? “Sim, sim, embora, por sorte, é um cidadão privado que o diz e não uma autoridade política ou monetária”, respondeu Mario Monti.
A dívida pública portuguesa está a ser considerada menos arriscada do que a dívida italiana para os investidores, um facto que foi reforçado com a decisão da Fitch de retirar o rating do país do “lixo” na passada sexta-feira. A yield implícita nas obrigações do Tesouro portuguesas a dez anos chegou a negociar nos 1,774%, abaixo da taxa italiana.
Evolução dos juros a 10 anos
Fonte: Bloomberg
Face a estes desenvolvimentos, o antigo primeiro-ministro italiano, Mario Monti, deixou o alerta aos deputados do país. O risco de Portugal tem sido “historicamente elevado, mas está agora abaixo do nosso”, declarou. “Não há sinais para alarme mas deve ter-se muita atenção”, considerou ainda.
Isto acontece depois de as obrigações portuguesas a dez anos terem passado a negociar a uma taxa inferior àquela que é exigida pelos investidores para comprar obrigações italianas no mesmo prazo, algo que o mercado já não observava desde o final de 2009, altura em que Portugal passou para os holofotes internacionais com a instabilidade das dívidas soberanas na Zona Euro.
“A verdade é que ambas as economias apresentam o mesmo nível de dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB), em torno de 130%. Mas a economia portuguesa parece apresentar maior dinamismo, está a crescer um pouco mais do que a economia italiana”, diz ao ECO o economista-chefe da Schroders, Keith Wade.
“Outra coisa que têm em comum: o sistema bancário nos dois países tem problemas com os elevados montantes de crédito malparado. Há muitas semelhantes e não me surpreende que apresentem o mesmo nível de risco. Há boas razões para ambos terem o mesmo nível de risco, sim. Não estou surpreendido com esta situação”, reforçou o especialista.
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