Carlos Moedas: “Europa é muito má a transformar conhecimento em dinheiro”

  • Margarida Peixoto
  • 5 Janeiro 2018

Para o comissário Carlos Moedas, a Europa pode dar cartas na terceira fase da revolução digital. Mas para isso tem de ultrapassar a fragmentação e atrair mais capital privado.

Carlos Moedas, comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, foi o primeiro convidado da conferência CSP Talks, organizada pela Confederação dos Serviços de Portugal em parceria com o ECO.05 Janeiro, 2018

“Somos muito bons a transformar dinheiro em conhecimento, mas muito maus a transformar conhecimento em dinheiro”, disse esta sexta-feira o comissário Carlos Moedas. “Esse é um dos pontos fracos da Europa”, garantiu o responsável, referindo-se à dificuldade que a Europa tem demonstrado em liderar a revolução digital.

Carlos Moedas, que falava na CSP Talks, uma conferência sobre economia digital, organizada pela Confederação dos Serviços de Portugal, em parceria com o ECO, argumentou que para a Europa liderar aquilo a que chamou a “terceira fase da revolução digital”, aquela em que será a inteligência artificial a dar cartas, será preciso atrair mais capital privado.

Somos muito bons a transformar dinheiro em conhecimento, mas muito maus a transformar conhecimento em dinheiro.

Carlos Moedas

Comissário para a Investigação, Ciência e Inovação

“Os políticos podem ter imensas medidas sobre inovação, mas sozinhos não podem fazer nada porque a ciência é transversal. Uma das peças que está a faltar na Europa é o financiamento”, defendeu o comissário. E como é que a Europa aumenta o financiamento disponível? “É olhar para os Estados Unidos: são muito menos dependentes de dívida bancária”, responde Carlos Moedas, acrescentando que também têm muito mais financiamento privado.

Aliás, “talvez o problema [da Europa] seja esse”, soma o comissário, referindo-se ao elevado peso do financiamento público. Segundo Carlos Moedas, antes da crise o rácio de dinheiro público rondava os 14%, enquanto atualmente é de cerca de 30%. Mas para a Europa atrair mais capital privado tem de “conseguir provar que não é um conjunto fragmentado de leis e de mercados,” argumenta. E para “reduzir a fragmentação na regulamentação, nas leis, é preciso dar mais poder à Europa”, remata.

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