Utilização de resíduos podem criar 1.300 empregos

  • Lusa
  • 6 Março 2018

É urgente encontrar um destino útil para os 57% dos resíduos que ainda não têm qualquer tipo de valorização e que constituem um custo financeiro para as empresas e um custo ambiental para o país.

A utilização dos resíduos produzidos pelas empresas que atualmente são eliminados poderia evitar a extração de mais de cinco milhões de toneladas de matérias-primas em Portugal e criar 1.300 empregos, concluiu um estudo divulgado esta terça-feira.

O estudo “Sinergias Circulares: Desafios para Portugal”, realizado pelo BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, tem em conta a eliminação de 1,1 milhões de toneladas de resíduos não urbanos, registada em 2015, para referir que, se estes fossem transacionados entre empresas e reaproveitados como matérias-primas, seria possível reduzir os consumos intermédios em 165 milhões de euros e contribuir com 32 milhões de euros em valor acrescentado bruto (VAB) para a economia nacional.

“O impacto social traduzir-se-ia na criação de 1.300 novos empregos e o impacto ambiental numa redução superior a cinco milhões de toneladas de extração doméstica (materiais extraídos em território nacional anualmente)”, aponta ainda o estudo.

O impacto social traduzir-se-ia na criação de 1.300 novos empregos e o impacto ambiental numa redução superior a cinco milhões de toneladas de extração doméstica (materiais extraídos em território nacional anualmente).

Estudo

O estudo, pretendeu avaliar o potencial económico, ambiental e social da economia circular através da criação de simbioses entre as industriais, permitindo que os resíduos produzidos numa atividade possam ser aproveitados como matéria-prima por outra, e analisou 32 empresas nas quais mais de metade (57%) dos 8,3 milhões de toneladas de resíduos produzidos vai para eliminação, incluindo deposição em aterros sanitários.

“É necessário e urgente encontrar um destino útil para os 57% dos resíduos que ainda não têm qualquer tipo de valorização e que constituem um custo financeiro para as empresas e um custo ambiental para o país”, alertam os autores, considerando que “o potencial é imenso”, havendo ainda “um longo caminho para percorrer”.

São identificados quatro exemplos: resíduos biodegradáveis podem ser usados na produção de fertilizante para jardins e agricultura, as cinzas podem ser encaminhadas para a construção de edifícios ou de asfaltos ou para as cimenteiras, as lamas para a indústria de papel e os solventes iriam para a produção de tintas ou de combustíveis alternativos.

“Muitas destas transações de resíduos não acontecem devido à falta de informação, à ausência de capacidade tecnológica, aos custos associados, à burocracia e às barreiras legislativas, comunitárias ou nacionais”, segundo o estudo.

No prefácio da publicação, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, aponta “a barreira crucial” que explica a ausência de ligação entre as empresas nesta área e que é a cultura empresarial em Portugal. “Apesar de burocrática, a legislação não impede a existência de simbioses, mas muitos produtores são alheios ou resistem a aferir deste potencial, ou por desconfiança sobre o material, ou porque têm dificuldade em partilhar informação para aferir das suas mais-valias”, salienta o governante. “É preciso um esforço dos envolvidos em querer conhecer e dar-se a conhecer e é preciso que esse esforço seja recíproco”, acrescenta.

O estudo lista seis recomendações para acelerar a transição para uma economia circular no setor industrial, nomeadamente mudar a regulamentação para facilitar a transação de resíduos, promover as compras ecológicas, facilitar as condições fiscais e de financiamento ou promover as plataformas coletivas para gestão de recursos.

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