Excesso de gastos com a casa caiu em 2017. Mas não para todos

O número de famílias com excesso de despesas com habitação baixou entre 2016 e 2017. Porém, este alívio não foi sentido por todos. O INE revela que há menos famílias a viver em casas sobrelotadas.

O número de famílias que têm excesso de despesas com habitação reduziu-se entre 2016 e 2017, mas este alívio só foi sentido pelas pessoas de rendimentos mais baixos, revelou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). No ano passado, baixou também o número de famílias a viver em casas sobrelotadas. O INE confirma ainda a redução da taxa de pobreza para 18,3% em 2016.

“A taxa de sobrecarga das despesas em habitação, que corresponde à proporção de pessoas que vivem em agregados familiares em que o rácio entre as despesas anuais com a habitação e o rendimento disponível (deduzidas as transferências sociais relativas à habitação) é superior a 40%, foi de 6,7% em 2017, menos 0,8 pontos percentuais que em 2016“, escreve o INE, alertando, porém, que esta não é uma realidade para todo o tipo de famílias. “A redução da sobrecarga apenas teve impacto nos dois quintis de rendimentos mais baixos”, acrescenta. Ou seja, apenas quem tem rendimentos mensais até 665 euros por mês viu a situação ficar melhor.

Na definição de despesas de habitação estão incluídos um vasto conjunto de gastos como os que estão relacionados com água, eletricidade, gás ou outros combustíveis, condomínio, seguros, saneamento, pequenas reparações, bem como as rendas e os juros relativos ao crédito à habitação principal.

Apesar de as famílias com mais baixos rendimentos terem sentido um alívio no peso das despesas de habitação, é neste grupo de famílias que se registam mais situações de sobrecarga: 24,3% das famílias que pertencem ao grupo de mais baixos rendimentos gasta com casa mais de 40% do seu rendimento. Ou seja, as despesas com a habitação representam um peso no seu orçamento familiar.

Por tipo de família, os dados do INE mostram que as pessoas em idade ativa que vivem sós e as famílias constituídas por um adulto com pelo menos uma criança dependente são as mais penalizadas.

A informação publicada esta segunda-feira pelo INE mostra ainda que há menos famílias a viver em casas sobrelotadas. Em 2017, “9,3% das pessoas viviam com insuficiência de espaço habitacional e a proporção de pessoas afetadas por condições severas de privação habitacional foi de 4,0%”, menos 1 ponto percentual (p.p.) e 0,9 p.p. que no ano anterior, respetivamente.

Menos 196 mil pessoas em risco de pobreza e exclusão

Além de fazer uma análise ao rendimento e condições de vida das famílias, o INE volta a publicar dados sobre pobreza, depois de em novembro ter avançado com a taxa de pobreza. No entanto, estes dados são referentes a 2016.

Com base no Inquérito às Condições de Vida feito em 2017, o INE confirma que a taxa de risco de pobreza baixou de 19% para 18,3%, entre 2015 e 2016, valores que já tinham sido divulgados em novembro. Os rendimentos melhoraram em 2016. Cada família obteve um rendimento médio disponível de 18.396 euros anuais em 2016, “mais 2,4% que no ano anterior e mais 8,6% que o valor mínimo da série registado em 2013”. Porém este valor ainda é inferior ao registado em 2009, quando a crise internacional chegou à economia portuguesa.

No entanto, a percentagem da população residente em risco de pobreza ou exclusão social é maior. Em 2017, esta percentagem foi de 23,3%, o que corresponde a 2.399 milhares de pessoas. Ainda assim, o INE destaca que são menos 196 mil do que no ano anterior.

(Notícia atualizada às 12h39 com mais informação)

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