Economia abranda no terceiro trimestre, mas não descarrila

O INE divulga hoje os dados da economia no terceiro trimestre. O crescimento em cadeia deverá ter abrandado para 0,4%. Face ao período homólogo, ter-se-á mantido nos 2,2%.

A maior parte dos economistas aposta num abrandamento da economia no terceiro trimestre do ano, face aos três meses anteriores. Uma envolvente externa menos dinâmica, um ligeiro arrefecimento dos indicadores de confiança, e as exportações que passam a ter um contributo negativo são alguns dos fatores avançados pelos economistas consultados pelo ECO para justificar o desempenho da economia nacional.

O Instituto Nacional de Estatística divulga esta quarta-feira a primeira estimativa daquela que foi a progressão da economia no terceiro trimestre. Portugal deverá ter crescido 0,4% face ao trimestre anterior, segundo a média das previsões dos economistas, o que consiste num abrandamento face aos 0,6% registados nos três meses anteriores. Já numa comparação face ao período homólogo, tudo se deverá manter na mesma, com uma evolução de 2,2%, um ligeiro abrandamento face aos 2,4% registados no segundo trimestre.

Valores em percentagem

Apesar de as economias da zona euro e da União Europeia terem abrandado no terceiro trimestre (0,3% e 0,2% face aos meses anteriores), Portugal não vai sentir para já esse arrefecimento, já que a procura interna está a aguentar a evolução. “O abrandamento da zona euro é uma tendência que contribui para a desaceleração da atividade que se espera em 2019, ainda que a economia deva continuar a expandir a um ritmo forte“, explicou ao ECO a economista-chefe do BPI, sublinhando que a previsão do banco para o próximo ano é de 1,9%, em linha com o Banco de Portugal, mas inferior aos 2,2% que o Executivo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.

Ligeiramente menos otimista, a equipa do BBVA Research antecipa um crescimento em cadeia de 0,3% (e não 0,4% como o BPI) e de 2,2% em termos homólogos em “resultado do prolongamento da tendência de moderação do crescimento do consumo, observada nos últimos trimestres, juntamente com o enfraquecimento do setor externo, fruto do abrandamento do crescimento europeu“.

Bons ventos de Espanha

“De facto, o abrandamento da zona euro pode constituir um fator de risco para o crescimento de Portugal, se bem que o nosso principal parceiro comercial (a Espanha) tenha mantido o crescimento em cadeia de 0,6%“, corrobora o economista chefe do Montepio. Rui Bernardes Serra é dos economistas que apresenta projeções mais otimistas, a par da Universidade Católica — um crescimento em cadeia de 0,6% e de 2,4% em termos homólogos. “Em cadeia, na ótica da despesa, antecipamos uma degradação do contributo das exportações líquidas, de positivo para ligeiramente negativo, mas estimamos que o contributo da procura interna tenha sido mais positivo, suportado, nomeadamente, por uma aceleração do consumo privado”, justifica.

Opinião diferente tem o Santander que considera que o consumo privado terá um contributo “mais moderado” para o crescimento do PIB (passa de 1,8 para 1,5). As restantes componentes do PIB vão crescer, mas menos: o investimento deverá ter acelerado menos dado o valor positivo dos inventários (o contributo para o PIB passa de 0,7% para 0,6%), as exportações deverão acelerar, mas a um ritmo inferior ao das importações, o que se traduzirá num contributo negativo de 0,1%. As projeções do Santander estão totalmente em linha com a média dos economistas.

O mais pessimista

As previsões mais pessimistas cabem ao Millennium bcp que antecipa um crescimento de apenas 0,2% em cadeia, e de 2%, em termos homólogos, um desempenho que José Maria Brandão de Brito explica com “uma envolvente externa menos dinâmica”, mas também “da quebra acentuada do contributo da acumulação de existências, a qual resulta de efeitos de base muito desfavoráveis”. “O contributo do consumo privado, do investimento fixo e das exportações deverá ter-se mantido robusto“, acrescenta a nota de conjuntura assinada pelo economista.

“Como o consumo tem vindo a crescer acima do PIB (numa situação de taxas de poupança das famílias muito baixas), o investimento fixo apresenta já elevados ritmos de expansão e os principais mercados de exportação de Portugal (Europa) estão a desacelerar, afigura-se como perfeitamente possível que a tendência de abrandamento da economia portuguesa se estenda ao próximo trimestre”, antecipa Brandão de Brito. O BCP aponta para um crescimento de 2,1% para o conjunto do ano, mas se a tendência de abrandamento se mantiver para o último trimestre do ano, então “o crescimento agregado do PIB no ano aproximar-se-ia de 2%”.

Em média, os economistas antecipam um crescimento da economia de 2,2% este ano, um valor em linha com as previsões da Comissão Europeia e menos otimistas numa décima face ao Governo.

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